As imagens feitas com Inteligência Artificial (IA) dominaram as redes sociais nas últimas semanas. Editoriais, desfiles e uma infinidade de posts deixaram muita gente impressionada com o realismo das “fotos”. O futuro da moda nunca esteve tanto no presente.
Esse avanço tão incrível da tecnologia, que faz parecer que não estamos tão longe de coisas como carros voadores, nos leva a refletir como a indústria da moda vai funcionar dentro dessa realidade.
Imagine uma campanha feita exclusivamente com IA. No lugar de fotógrafo, modelo, stylist, produtor, maquiador, assistente de fotografia, editor e tantos outros profissionais, haver uma realidade onde é necessário apenas a Inteligência Artificial e alguém para descrever como quer o projeto. Surreal, né? Mas, acredite se quiser, isso já é possível.
Para testar essa tecnologia, criamos as imagens deste post inteiramente com inteligência artificial. Descrevendo alguns detalhes de como você quer sua imagem, você consegue criar uma foto de street style, uma roupa, uma capa de revista, um editorial de moda e até um desfile.
Um ponto que eu observei ao fazer dezenas dessas imagens, é que se você não descreve características especificamente, a IA sempre vai produzir fotos de pessoas dentro do padrão que a gente conhece bem. Eu precisei colocar “mulher negra”, “mulher gorda” ou “mulher com cabelo cacheado” para que aparecesse pessoas com essas características.
Outra reflexão que a inteligência artificial nos traz sobre o futuro da moda é sobre autoria. De quem é a autoria de uma imagem artificial, da pessoa que a descreveu ou do próprio robô que a criou? Para quem vai o crédito nesse caso?
É claro que a IA não cria sem a ajuda de um ser humano, mas a imagem também não é exatamente dessa pessoa. Será que no futuro dividiremos o crédito das nossas criações com a Inteligência Artificial?
Um aspecto a ser destacado sobre as imagens de IA é que elas são sempre muito perfeitas. São sempre peles lisas, roupas perfeitamente modeladas no corpo, cabelos sem frizz, uma beleza sobre-humana. E será que a gente já não está cansado dessa perfeição? O gosto da gen Z por photo dumps e câmeras analógicas é um retrato disso. Essas imagens podem até impressionar os mais velhos, mas eu acho que vão contra os valores da nova geração.
Com essa nova tecnologia, muita gente tem medo de ser substituída no trabalho por robôs. No entanto, acho que ela vem mais como uma ferramenta para facilitar o nosso dia a dia do que como substituto.
Apesar de ser uma tecnologia incrível (e até legal de brincar), não acho que ela substitui a criatividade humana. Por mais detalhadamente que alguém descreva como quer uma foto, uma ilustração, uma estampa ou uma roupa, a IA não é capaz de transmitir o que está na nossa mente.
Se tem algo que uma inteligência artificial não vai conseguir e que é fundamental no ser humano é a vivência. Nossas histórias, nosso cotidiano, nossa família e amigos são o que nos tornam - e consequentemente nosso trabalho - únicos. E isso não há robô que consiga.
Bom, não dá para prever 100% como vai ser o futuro da moda, mas uma coisa é certa: ele está bem mais perto do que a gente imagina, e pode nos surpreender a cada dia. As possibilidades do que pode ser feito dentro e fora da indústria da moda são muito maiores do que a gente possa imaginar.