Por que a alimentação anti-inflamatória ainda é tão polêmica?

por The Look Stealers

Com a promessa de desinflamar o organismo e ajudar a mudar a nossa relação com a comida, a alimentação anti-inflamatória tem conquistado fãs no mundo inteiro, porém, a prática ainda é rodeada de polêmicas. De um lado há quem diga que ela não existe, enquanto outras, que já aderiram, afirmam terem sentido os resultados. 

A alimentação é sempre um assunto sensível, afinal, não podemos certificar que algo é universal, uma vez que cada país possui a sua cultura e meios de produção; isso sem falar do acesso aos alimentos que ainda é tão precário em tantos lugares. Mas, hoje, o nosso objetivo é te informar sobre a alimentação anti-inflamatória, para que você entenda quais são os seus benefícios e, se caso faça sentido, faça dela um hábito em sua vida. 

Para isso, nós convidamos a médica Dra. Fabiana Terra, pós-graduada em Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, membro do IFM (Institute for Functional Medicine) para esclarecer tudo a respeito da alimentação anti-inflamatória. A Dra. Fabiana está à frente da clínica Terra e Ruschel Medicina Funcional, que tem como foco a partir da Nutrologia, o emagrecimento, a qualidade de vida e a longevidade, com influência da Medicina Funcional. 

Para tornar a nossa pauta ainda mais completa, entrevistamos também a Maria Eduarda Sperotto, nutricionista graduada pela PUCRS, pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pela VP, em Comportamento Alimentar pelo IPGS e capacitada em Saúde Intestinal.

afinal, a alimentação anti-inflamatória existe?

Após tantas dúvidas e questionamentos, nós perguntamos à Dra. Fabiana se a alimentação anti-inflamatória realmente existe e a resposta foi positiva, ela apenas pontuou que ela não precisa ser rotulada com este nome. “Sim, a alimentação anti-inflamatória existe e não necessita ser rotulada necessariamente com este nome. Uma alimentação anti-inflamatória seria uma reeducação alimentar visando reduzir a inflamação crônica causada por doenças como hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade, Alzheimer, entre outras…’, dividiu a médica.

Assim, essa prática serve como uma das formas de reduzir essa inflamação, que pode ser “causada por doenças, mas também por um estilo de vida moderno, que envolve poucas horas de sono, estresse crônico, sedentarismo, alimentos industrializados - principalmente fast-food - e uso de drogas”, esclareceu a Dra. Fabi.

A nutricionista Maria Eduarda Sperotto ainda acrescentou que muitas pessoas podem se beneficiar da alimentação anti-inflamatória. “Muitos alimentos possuem um potencial anti-inflamatório, que podem no nosso organismo diminuir a atividade de citocinas pró-inflamatórias ou aumentar a de citocinas anti-inflamatórias, em contrapartida, outros alimentos e fatores do estilo de vida podem aumentar a expressão de mediadores inflamatórios e contribuir para um quadro de inflamação crônica de baixo grau e de estresse oxidativo. Esse quadro inflamatório crônico favorece o surgimento e manutenção de diversas doenças e condições clínicas, como as doenças autoimunes e até mesmo o câncer.”

Com isso,  a nutricionista reforça a importância de ter na rotina o consumo de alimentos anti-inflamatórios, já que eles irão ajudar na manutenção da saúde, assim como ter um estilo de vida saudável como um todo. “Porém, não podemos afirmar que a alimentação anti-inflamatória é a única resposta e a cura das doenças. Vários fatores devem ser considerados, como fatores do estilo de vida e até mesmo genéticos”, pontua.

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Foto: @a_plant_based_aussie (Reprodução/Instagram)


ela é reconhecida por médicos?

Um dos grandes medos em volta da prática é de que ela não seja reconhecida por médicos, mas a Dra. Fabiana nos contou que ela é sim reconhecida e ainda conta com diversas pesquisas científicas a seu respeito. “Se pesquisarmos nas bases de dados de artigos científicos, existem inúmeros estudos sobre dieta anti-inflamatória e seus benefícios. Como falei anteriormente, não existe uma regra para a dieta ser anti-inflamatória, pode ser uma dieta mediterrânea, uma dieta plant based, vegana, low-carb ou cetogênica”, explicou. 

A médica ainda acrescentou que diversos médicos “têm buscado se atualizar e encontrar alternativas ao uso de medicações para tratamentos de algumas doenças e principalmente como envelhecer com qualidade de vida.”

Já na nutrição, Maria Eduarda pontou: como nutricionista clínica funcional confirmo que ela é reconhecida como uma das estratégias que existem na nutrição.  Porém, assim como em muitas profissões, na nutrição também existem muitas linhas, então muitos profissionais seguem outras abordagens.

quem pode seguir essa dieta?

A verdade é que todo mundo pode buscar um estilo de vida mais saudável por conta própria, mas a Dra. Fabi reforça que o ideal é ter a orientação de um profissional especializado no assunto, seja ele um médico ou nutricionista. O profissional será capaz de analisar quais são as necessidades do seu corpo, criando assim a sua dieta ideal. “Cada pessoa é um indivíduo único e, portanto, deve ter um atendimento no qual seja avaliada sua saúde como um todo, para podermos focar e ajustar o que será melhor para esta pessoa e o que ela conseguirá seguir, principalmente ao longo da vida”, elucida a médica entrevistada.

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Foto: @marie.bogomazova (Reprodução/Instagram)

a dieta anti-inflamatória apresenta algum risco para a saúde?

"Teoricamente, se for uma pessoa saudável, não”, inicia a  Dra. Fabiana, mas ela complementa trazendo que a dieta pode trazer riscos para pessoas portadoras de diabetes tipo 2, por exemplo. “Se paciente portador de diabetes tipo 2, em uso de medicações para regular a glicose no sangue muda radicalmente a alimentação pode acontecer do paciente fazer hipoglicemia - baixa glicose no sangue -, que no caso será ajustada diminuindo a ingestão de medicações prescritas”, contou. Por isso, é tão importante o acompanhamento profissional, para que situações como essas sejam previstas e evitadas.

Um dos outros que mais causam debate na dieta anti-inflamatória são as restrições propostas, mas a nutricionista Maria Eduarda pontou que elas não se aplicam a todas as pessoas. "Uma alimentação anti-inflamatória tem como base uma alimentação natural e variada que é rica nutricionalmente, isso não é contraindicado para ninguém. Já as restrições propostas pela dieta anti-inflamatória não necessariamente se aplicam a todos. Por exemplo, o glúten tem potencial alergênico e inflamatório, contudo não significa que todos tem essa resposta ao seu consumo".

Por fim, ela reforçou a importância de se ter um acompanhamento nutricional individualizado, "para saber as necessidades especificas de cada um. Reforço também que o determinante muitas vezes será a frequência e não o consumo pontual de alguns alimentos", conclui.

quais são os benefícios?

Foram os benefícios da alimentação anti-inflamatória que fizeram ela conquistar tantos fãs e a Dra. Fabi citou alguns deles como: “melhora da digestão, melhora do sono, perda de peso, melhora da disposição e do cansaço, melhora da saúde cardiovascular com regulação dos níveis de pressão arterial, melhora dos níveis de glicose e insulina no sangue, melhora do perfil lipídico e principalmente longevidade e prevenção de doenças”.

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Foto: @maryloony (Reprodução/Instagram)

quais são as vertentes da alimentação anti-inflamatória?

Como citado anteriormente, existem algumas vertentes dessa alimentação, como a dieta mediterrânea, dieta vegana, plant based, low-carb e cetogênica.

como eu posso adotar a dieta de uma maneira segura?

Para garantir que você irá adotar a dieta de uma forma segura e saudável, o primeiro passo é buscar por um profissional qualificado que entenda do assunto. Segundo a Dra. Fabi, este assunto não é ensinado na faculdade, é preciso uma especialização no assunto e a maioria são baseadas no Institute of Functional Medicine nos Estados Unidos.

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Foto: @naydiadminatouch (Reprodução/Instagram)

e por que ela é tão polêmica?

Quando falamos anteriormente, o assunto alimentação, em geral, é um assunto sensível, mas a Dra. Fabiana acrecenta:  “como tudo no mundo existem opiniões opostas. Não existe uma verdade absoluta, principalmente em medicina, a ciência é transitória. Então, citando Arthur Schopenhauer: “Toda Verdade passa por três estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro, é aceita como evidente por si própria”, conclui.

Por aqui, nós acreditamos que cada pessoa é livre para escolher e seguir a alimentação que deseja e faz sentido para o seu estilo de vida, tendo sempre em mente a importância que os alimentos possuem em nossa saúde. E você, seguiria a dieta anti-inflamatória?

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