De tempos em tempos vemos matérias em revistas e portais de fofoca noticiando celebridades sem maquiagem. Essa curiosidade não é nova, mas a maneira como é tratada ainda surpreende. Matérias frequentemente apresentam essas situações como algo chocante ou até mesmo ousado, como se fosse inusitado uma mulher sair de casa sem maquiagem.
Na internet, o assunto também é recorrente. Basta pesquisar a palavra “maquiagem” no Google Trends para descobrirmos que, quando falamos do tema, os termos mais buscados são nomes de “celebridades + sem maquiagem”. “Pamela Anderson sem maquiagem”, “Simaria sem maquiagem” e “Anitta sem maquiagem” são algumas das buscas mais populares. Mas, afinal, o que motiva tanta curiosidade sobre esse assunto?
O machismo intrínseco na questão é inegável. Desde criança, nós, mulheres, temos a nossa aparência julgada. Seja a roupa, o cabelo ou a maquiagem, a pressão para parecer impecável é constante. Porém, além do machismo, há também um desejo de ver essas figuras públicas de uma maneira mais "real".
Hollywood, desde o início, vendeu a ideia de perfeição: as atrizes tinham cabelos brilhantes, corpos esculturais e maquiagem impecável. Isso ajudou a construir o fascínio em torno das celebridades, mas também trouxe um peso ao público, que se via comparando suas imperfeições com o padrão idealizado das telas e dos tapetes vermelhos. Afinal, é difícil entender como uma atriz tem algo tão próximo da perfeição enquanto no espelho nos deparamos com manchas, marcas e cicatrizes.
Então, para o público que pesquisa e consome o conteúdo de celebridades sem maquiagem, pode haver também um desejo de enxergá-las como pessoas reais. É uma tentativa de encontrar identificação e perceber que ela vê no espelho também está presente na estrela que ela tanto admira.
Quando tiramos as celebridades desse pedestal de perfeição conseguimos notar que elas também são vítimas dos padrões estéticos. Recentemente, o Fantástico trouxe uma reflexão sobre por que o ato de não usar maquiagem ainda incomoda tanto. A reportagem destacou histórias de mulheres como Taís Araújo, Mônica Martelli e Alice Salazar, que compartilharam suas experiências e inseguranças sobre a pressão estética. Taís, por exemplo, enfrentou críticas sobre sua aparência nas fotos de divulgação do remake de Vale Tudo, onde muitos apontaram que ela parecia “velha”. O detalhe? Ela estava apenas sem maquiagem.
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Essas histórias mostram que, mesmo tidas como símbolos de beleza, as celebridades também enfrentam os padrões estéticos impostos. É importante que a maquiagem deixe de ser vista como uma obrigação ou a única definição de beleza, sendo apreciada como uma escolha livre, uma forma de expressão e não de comparação.
Eu não estou aqui para dizer que devemos abandonar a maquiagem — afinal, sou apaixonada por esse universo. O ponto é desenvolver uma relação mais leve com ela, onde o uso seja movido pelo prazer e não pela necessidade de atender expectativas externas. Não precisamos estar sempre maquiadas, e as celebridades também não.
Não deveria ser notícia toda vez que Pamela Anderson, ou qualquer outra mulher, aparece de rosto limpo. A beleza natural deveria ser encarada com normalidade, sem causar espanto ou julgamentos. Mas isso nos leva a outro ponto importante: mesmo que passemos a ver celebridades sem maquiagem com mais naturalidade, é essencial reconhecer que elas geralmente têm mais acessos a produtos e procedimentos faciais. Por isso, é fundamental que tenhamos isso em mente antes de criar comparações.
Rugas, linhas e manchas fazem parte de quem somos, e isso não diminui nossa beleza — apenas a torna mais real.
