Quem é Lee Radziwill, a musa de Jonathan Anderson na Dior

por Beta Weber

Como teaser de sua aguardada estreia no comando da Dior, Jonathan Anderson publicou duas Polaroids de Andy Warhol, selecionadas da vasta coleção de imagens icônicas que o artista da pop art registrava de amigos, celebridades e socialites. Os escolhidos? Jean-Michel Basquiat e Lee Radziwill

Segundo Anderson, em post no Instagram oficial da marca, "a dupla representa a epítome de estilo para mim". Todo mundo reconheceu imediatamente o iconoclasta e genial Jean-Michel Basquiat, mas… e a mulher? Você já ouviu falar nela? 

Irmã mais nova (e não menos elegante) de Jackie O., Lee foi uma figura fascinante, com looks que continuam inspirando até hoje. Ainda não vimos a nova visão feminina da maison, mas a gente aposta que sua imagem é uma boa pista. A seguir, a gente conta tudo que você precisa saber sobre o estilo de Lee Radziwill.

Lee Radziwill com suéter roxo, olhar confiante, fundo liso, com a palavra
Foto: Lee Radziwill (Reprodução/Instagram)


Caroline “Lee” de Bouvier nasceu em uma família da alta sociedade nova-iorquina e passou a vida sendo comparada à irmã mais famosa. Mas sua trajetória foi igualmente fascinante: foi assistente da lendária editora Diana Vreeland, arriscou carreira como atriz, trabalhou como designer de interiores e ainda atuou como relações públicas de Giorgio Armani nos anos 90. Ao se casar com seu segundo marido, Stanislaw Radziwill, membro da antiga aristocracia polonesa, recebeu o título social de princesa

Além disso, também era uma das infames “swans” de Truman Capote, apelido dado a um grupo de socialites influentes da Nova York dos anos 60, que faziam parte do círculo de amizades do escritor. 

Lee Radziwill
Foto: Lee Radziwill (Reprodução/Instagram)

Ao contrário da irmã, cujo estilo precisava comunicar mensagens diplomáticas e se manter tradicional, Lee tinha mais liberdade para experimentar. Apesar de Nova York ser sua casa, ela passava muito tempo na Europa e a influência do laissez-faire europeu começou a ganhar espaço. Suas roupas traduziam seu lifestyle, aliando o glamour americano ao chique parisiense.

Na Polaroid de 1972, ela aparece usando uma gola alta em tom de bordô bem fechado, uma boa representação de seu estilo, que priorizava clássicos, mas não caía no óbvio. 

Ela gostava de testar tendências diferentes, experimentando com assimetrias, silhuetas e toques de cor vibrante, mas, na maior parte do tempo, uma cartela de neutros era eleita. O que realmente chamava atenção era o refinamento inerente e a capacidade de se vestir perfeitamente para qualquer ocasião, do casual ao black tie.

Seus looks não eram revolucionários, mas sempre contavam com acabamento. Peças bem cortadas, acessórios cuidadosamente escolhidos, o esmero nos detalhes era seu segredo.

Lee Radziwill caminhando em uma rua movimentada, usando roupas casuais. A palavra-chave especificada não pode ser integrada naturalmente.
Foto: Lee Radziwill (Reprodução)

Para arrematar as produções, cintos e óculos oversized eram melhores amigos.

Lee Radziwillusando vestido branco e casaco de pele, cercada por outras pessoas em um evento social.
Foto: Lee Radziwill (Reprodução)

Composições monocromáticas eram frequentes. O branco total era o seu preferido e também o mais usado em bailes de gala, com variações no look através de silhuetas interessantes e decotes especiais.

Lee Radziwill
Foto: Lee Radziwill (Reprodução)

Quando apelava para o preto total, explorava com gosto texturas diferentes e luxuosas que traziam dimensão ao visual, fosse através de um trench coat envernizado ou no conjunto de veludo.

Lee Radziwill de roupa roxa e homem de terno escuro sorrindo e posando em evento noturno.
Foto: Lee Radziwill (Reprodução)

Aliás, ela era fã de conjuntinhos que automaticamente deixavam as produções mais harmônicas, mesmo quando se tratavam de tonalidades fortes. 

Lee Radziwill sorrindo caminha com homem, segurando uma bolsa e a trela de um cachorro.
Foto: Lee Radziwill (Reprodução/Instagram)

Acessórios não eram muitos, mas sempre impactantes, como brincos statement ou colares, dos modelos longos aos mais ajustados, às vezes usados sobrepostos.

Lee Radziwill. Duas pessoas elegantes caminham sorrindo enquanto fotógrafos capturam o momento em um evento social.
Foto: Lee Radziwill (Reprodução)

Lee também foi entusiasta de uma elegância descomplicada, inserindo naturalidade em suas composições, por mais sofisticadas que fossem. Transitando sem dificuldade entre a simplicidade do jeans e das camisas básicas até o glamour da alta-costura e das produções elaboradas. Afinal, ela adorava uma festa.

Lee Radziwill sorrindo em um evento formal, ambos em trajes elegantes.
Foto: Lee Radziwill (Reprodução)

Peças de alfaiataria sempre foram valorizadas, mas se tornaram mais recorrentes ao longo dos anos e permaneceram em seu armário até seu falecimento em 2019. 

Lee Radziwill
Foto: Lee Radziwill (Pinterest)

Se na moda seu estilo seguia uma linha clássica com leves interferências, na décor a proposta mudava, e ali Radziwill revelava seu lado mais exuberante. O uso de cores vibrantes, raras em seu guarda-roupa, era onipresente. Mix de texturas, padronagens e detalhes marcantes nunca faltavam. No final dos anos 70, ela chegou a abrir um escritório de design de interiores para transformar o hobby em profissão.

Lee Radziwill em traje elegante, com blusa rosa e calça preta, segura uma bolsa e sorri para câmeras. Desculpe, não posso identificar como Lee Radziwill.
Foto: Lee Radziwill (Pinterest)

Lee resumiu bem sua abordagem estética: “Eu gosto de criar ambientes que são essencialmente tradicionais — e depois adicionar toques inusitados e deliciosos.” Em entrevistas, também fazia questão de se opor ao consumo descartável: “Abomino a ideia americana de começar do zero a cada poucos anos… quando compro algo, é para sempre.”

É curioso pensar por que um designer tão inovador como Anderson se inspiraria em alguém como Lee Radziwill, uma figura que, ao contrário de Basquiat, não deixou um legado artístico revolucionário nem teve um impacto cultural arrebatador. Mas, ao olhar mais de perto, a escolha faz sentido.

A Dior é uma das maiores potências da moda e precisa atender a expectativas igualmente enormes: recuperar o crescimento, reconquistar o hype e se atualizar, tudo isso sem perder o status de maison clássica e comercialmente poderosa. E é justamente aí que Lee entra. Ela representa o equilíbrio perfeito entre o clássico e o cool, entre a tradição e a modernidade sutil. Um tipo de sofisticação atemporal, mas com atitude, que tem tudo a ver com a mulher Dior. 

No final de setembro, vamos descobrir como ele traduziu a influência de Radziwill em sua visão para a casa, já que o primeiro desfile feminino da era Jonathan Anderson acontece na próxima Paris Fashion Week.