O Halloween já passou, mas a moda continua fascinada por temas tipicamente associados à data, especialmente arquétipos de bruxas e feiticeiras, introduzindo uma energia poderosa e mística às coleções de Verão 2025. O "Romance Dark" une feminilidade e força, porém, o foco desta temporada não está em donzelas indefesas, mas em figuras protagonistas, representadas por mulheres que carregam a magia em sua essência.
Nas passarelas, essa proposta foi interpretada de várias maneiras, sempre permeada pelo clima místico. As inspirações passam por ícones como Stevie Nicks, com seus vestidos fluidos e esvoaçantes, incluindo elementos românticos indispensáveis, como tecidos leves e delicados — pense em chiffon, jersey e rendas — que se movem ao vento, criando uma aura envolvente e sobrenatural. Mas também contemplam subculturas como o punk e até um lado lúdico de vilãs de contos de fada, sempre evocando um ar de mistério sedutor e intuitivo.
Por exemplo, chiffons e transparência foram os ingredientes eleitos na Nina Ricci.
Na Valentino, de Alessandro Michele, destaca-se uma versão subversiva do boho com florais de fundo escuro e mix de texturas.
Na Saint Laurent, a década de 70 domina com comprimentos maxi, sobreposições e uma abordagem ousada em acessórios, valorizando a personalidade sem receio de exaltar um lado excêntrico.
Rigidez com alfaiataria estruturada que carrega traços do punk e do gótico foi aposta de nomes como Vêtements e Balenciaga.
Uma certa influência medieval, observada na presença de correntes e na paleta de metalizados, traz o aspecto de guerreira, quase uma Joana d’Arc moderna.
Vilãs da Disney viram musas, inclusive em seu habitat natural, já que o look usado para fechar o desfile da Coperni, realizado na Euro Disney, seria perfeito para Malévola, sem cair na caricatura.
O futurismo também pede passagem, e Glenn Martens na Diesel consegue fugir do óbvio através da paleta de cores e dos materiais: os jeans desconstruídos e os modelos com lentes de contato coloridas aderiram ao clima em uma versão contemporânea.
Toques dramáticos como véus, capuzes e chapéus não podem faltar. Rick Owens, um dos maiores entusiastas desse mood, não decepcionou com sua interpretação.
Itens de caráter teatral como capas e materiais nobres, como o veludo, trazem a opulência que também pertence à estética.
Vale ressaltar que a ascensão dessa tendência vai além do apelo imagético. Como a moda sempre reflete o momento em que vivemos, a presença cada vez mais forte do esoterismo na cultura pop e a expansão do feminismo são fatores que ajudam a explicar o fenômeno que exalta o divino feminino com referências oníricas.
Entre celebridades, a estética já pegou. Camila Cabello tem sido vista em looks de renda que remetem ao sex appeal, com véus e referências religiosas.
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Chappell Roan é um bom exemplo, frequentemente trazendo a influência romântica e dark em suas performances e aparições no red carpet.
Taylor Russell invocou o clima no tapete vermelho do Festival de Veneza.
Vale lembrar que o look não precisa ser totalmente preto, embora essa cor seja realmente dominante no tema. Tons de branco e elementos da era vitoriana retrabalhados fazem parte da proposta, como no vestido de noiva da top italiana Mariacarla Boscono.
O look de Lana Del Rey no MET Gala deste ano representa bem o espírito, remetendo a uma deusa da floresta, etérea e misteriosa.
Por fim, menos óbvios, mas igualmente impactantes, tons encorpados de roxo ou vermelho também têm espaço, como a produção usada recentemente por Dua Lipa.