A sociedade sempre romantizou a maternidade, pintando-a como a melhor parte da vida de uma mulher. Embora eu não seja mãe, falo como psicóloga que atende muitas mulheres que são mães, e aprendi algumas coisas sobre a maternidade através dessas interações.
Uma lição importante é que há aspectos da maternidade que você não "vai entender quando virar mãe". A partir dessas partilhas, compreendi que ser mãe pode ser muito mais solitário e difícil do que pintam por aí.
Estima-se que 50% das mulheres passem pelo baby blues no puerpério, episódios depressivos leves e transitórios que duram cerca de duas semanas. Mesmo afetando a maioria das mães, ainda é um tabu falar sobre baby blues, afinal, um filho não deveria ser motivo de felicidade? Esse sentimento dúbio afeta as mães, que se sentem culpadas pela angústia e cansaço que sentem, questionando ainda mais sua capacidade de maternar.
Por isso, é necessário falar mais sobre o assunto e, principalmente, escutar as mães. Como sociedade, temos o dever de propiciar um ambiente saudável para a maternidade. Então, o que fazer quando sua amiga, parceira ou irmã está passando pelo puerpério?
Antes de mais nada, escute-a sem julgamentos ou tentar convencê-la de que está errada: esse movimento desvalidará os sentimentos da nova mãe. Além disso, ofereça ajuda prática nas tarefas do dia a dia.
É importante destacar que baby blues mais prolongados necessitam de ajuda psicológica. No entanto, esse quadro difere significativamente da depressão pós-parto, que é mais grave e prolongada, afetando o cuidado com o bebê e podendo levar a ideação suicida. Nesse caso, é necessário buscar cuidados médicos e psicológicos com urgência.
Este conteúdo foi escrito por mim, Victoria Grassi. Psicóloga (CRP 08/30210), especialista em psicologia clínica e Terapia Cognitivo Comportamental. Doutora e Mestre em Tecnologia em Saúde pela PUCPR. Apaixonada por gatos, café moído na hora e pela biblioteca que tem em casa.