Saúde mental no puerpério: o que é baby blues?

por Victoria Grassi

A sociedade sempre romantizou a maternidade, pintando-a como a melhor parte da vida de uma mulher. Embora eu não seja mãe, falo como psicóloga que atende muitas mulheres que são mães, e aprendi algumas coisas sobre a maternidade através dessas interações.

Uma lição importante é que há aspectos da maternidade que você não "vai entender quando virar mãe". A partir dessas partilhas, compreendi que ser mãe pode ser muito mais solitário e difícil do que pintam por aí

Imagem de mulher usando vestido branco volumoso e sapatos pretos ao lado, acompanhada por três crianças. As crianças vestem roupas infantis de estilo clássico em tons de azul claro e marinho. Fundo com paisagem de montanhas e árvore. baby blues
Foto: @naraaziza (Reprodução/ Instagram)


A Giu já compartilhou por aqui sua experiência com o puerpério e deixou uma reflexão importante sobre como explicar para quem não é mãe o que é ser mãe. E eu gostaria de ter essa resposta, mas como não tenho, vamos ao que a psicologia pode explicar.

O puerpério começa logo após o parto e é o período em que o corpo se ajusta à ausência da gestação, retornando ao seu funcionamento pré-gestacional. No entanto, quando falamos em saúde mental, não há retorno ao estado anterior: agora, um bebê existe. Mas e a mulher que já existia? Onde fica o espaço para ela?

Enquanto a gestação é um momento de planejamento, expectativas, dúvidas e fantasia, o puerpério traz à tona a realidade. A realidade de não se reconhecer, de muitas vezes não saber como acalmar o bebê, de descobrir que o segundo filho não é necessariamente mais fácil do que o primeiro. A realidade é que a vida inteira mudou, mesmo quando a mulher acreditava estar preparada para tudo. A essa angústia chamamos de baby blues.

Grávida em look casual e confortável, traja regata branca justa, calça larga bege e camisa branca aberta sobre os ombros. Estilo moderno e prático, destacando tendências de moda para gestantes com foco no bem-estar e elegância minimalista. baby blues
Foto: Sofia Richie Grainge (Reprodução/ Instagram)

Estima-se que 50% das mulheres passem pelo baby blues no puerpério, episódios depressivos leves e transitórios que duram cerca de duas semanas. Mesmo afetando a maioria das mães, ainda é um tabu falar sobre baby blues, afinal, um filho não deveria ser motivo de felicidade? Esse sentimento dúbio afeta as mães, que se sentem culpadas pela angústia e cansaço que sentem, questionando ainda mais sua capacidade de maternar.

Por isso, é necessário falar mais sobre o assunto e, principalmente, escutar as mães. Como sociedade, temos o dever de propiciar um ambiente saudável para a maternidade. Então, o que fazer quando sua amiga, parceira ou irmã está passando pelo puerpério?

Antes de mais nada, escute-a sem julgamentos ou tentar convencê-la de que está errada: esse movimento desvalidará os sentimentos da nova mãe. Além disso, ofereça ajuda prática nas tarefas do dia a dia.

Foto: Kourtney Kardashian Barker (Reprodução/ Instagram)

É importante destacar que baby blues mais prolongados necessitam de ajuda psicológica. No entanto, esse quadro difere significativamente da depressão pós-parto, que é mais grave e prolongada, afetando o cuidado com o bebê e podendo levar a ideação suicida. Nesse caso, é necessário buscar cuidados médicos e psicológicos com urgência.

Este conteúdo foi escrito por mim, Victoria Grassi. Psicóloga (CRP 08/30210), especialista em psicologia clínica e Terapia Cognitivo Comportamental. Doutora e Mestre em Tecnologia em Saúde pela PUCPR. Apaixonada por gatos, café moído na hora e pela biblioteca que tem em casa.

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