Fundada em 1952 por Gaby Aghion, uma egípcia radicada em Paris, a Chloé é uma das mais icônicas maisons francesas. Criada por uma mulher e para mulheres, a marca sempre refletiu uma essência feminina, livre e poderosa. Em suas coleções, a delicadeza coexiste com a força, enquanto a alfaiataria proporciona a estrutura perfeita para o romantismo florescer, numa combinação de suavidade e poder. A chegada de Chemena Kamali como diretora criativa em 2023 preserva esse legado, trazendo uma visão contemporânea do espírito boho que define a marca. A seguir, você confere tudo o que precisa saber sobre essa nova era da Chloé.
Mas antes de chegarmos na nova era da Chloé, vamos voltar um pouco no tempo para contextualizar. Apesar do traço definitivamente feminino, a estética da marca como conhecemos foi moldada por Karl Lagerfeld. Sim, antes de revolucionar a Chanel, o alemão foi estilista da Chloé entre 1963 e 1983 (ele voltou brevemente ao comando entre 1992 e 1997). Porém, a filosofia e a sensibilidade vêm toda da fundadora.
Fascinada pela beleza da alta-costura, mas em busca de uma alternativa mais prática, Aghion apresentou sua primeira coleção de seis vestidos amplos, inspirados nas peças usadas pelas mulheres em Alexandria, sua terra natal. As peças — que também já denunciavam sua predileção por simplicidade e movimento — podiam ser compradas imediatamente, uma proposta pioneira do prêt-à-porter, antes mesmo de o conceito ser formalmente estabelecido.
O clima boêmio, as referências à natureza, a temática equestre e os tons terrosos são elementos icônicos da Chloé, combinando o refinamento natural das parisienses com um toque rústico nos detalhes — como sapatos mais pesados e materiais artesanais. Além disso, as silhuetas soltas e fluidas completam essa identidade. Essas características foram exploradas por todos os grandes nomes que já passaram pela maison, como Phoebe Philo e Stella McCartney.
Chemena Kamali conhece bem esses códigos, afinal, esta é sua terceira passagem pela maison. A alemã começou como estagiária de Phoebe Philo, anos depois integrou a equipe de Claire Waight Keller, e agora assume o cargo de diretora criativa.
As coleções de Chemena Kamali desde sua chegada capturam perfeitamente a essência da Chloé. Há uma forte influência dos anos 70 em cada detalhe, desde os tons de caramelo, whiskey, bege e marrom, até a fluidez das silhuetas e do pensamento. A mulher Chloé é complexa, com camadas que vão além de seus looks — elas refletem sua própria forma de ser.
As roupas complementam sua personalidade, sem jamais defini-la. Ela é natural e multifacetada; a rigidez dos acessórios ou da capa estruturada apenas realça sua suavidade interior. Sob o combo de blazer e calça de corte impecável, encontra-se uma delicada blusa de seda. Há sempre um toque etéreo que contrasta com a praticidade utilitária de quem leva uma vida agitada, equilibrando o pesado com o leve.
Com seu cabelo propositalmente bagunçado e uma barra inacabada, a mulher Chloé rejeita a perfeição tradicional em favor de algo mais vivo e interessante. Mas não se engane: a qualidade das peças é impecável, porque ela prioriza como as roupas a fazem sentir. Couro e seda se encontram e se misturam com naturalidade, trazendo aquele ar despreocupado de quem sabe o que faz e não precisa provar nada a ninguém. Os acessórios em forma de frutas, que fazem referência a coleções anteriores da marca, refletem a irreverência de uma mulher que, no melhor dos sentidos, não se leva muito a sério.
Contudo, esse ar descomplicado não é sinônimo de superficialidade. Os valores da Chloé vão muito além da estética, e suas iniciativas reafirmam esse compromisso. A sustentabilidade, fortemente priorizada por Gabriela Hearst, antecessora de Chemena Kamali, permanece no centro da marca. Além disso, o projeto Chloé Arts, criado por Kamali, destaca o papel da maison em promover o diálogo e ampliar a visibilidade para a arte produzida por mulheres.
Radiante, cheia de energia e em constante movimento, não é surpresa que, a nova era da Chloé tenha conquistado cada vez mais consumidoras, com um crescimento exponencial nas vendas desde a chegada de Kamali. Democrática, a marca conversa com mulheres de todas as idades, despertando desejo em diferentes gerações. No mundo das celebridades, a Chloé conquistou fãs como Sidney Sweeney, Beyoncé, Sienna Miller, Jennifer Lopez e Maya Rudolph.
Mas são dois nomes recentes que ilustram perfeitamente a versatilidade da mensagem da Chloé, que vai além do boho literal para comunicar uma feminilidade confiante e autêntica. Kamala Harris, vice-presidente dos EUA e candidata à presidência em 2024, escolheu ternos sob medida da Chloé para momentos cruciais de sua campanha. Uma escolha, à primeira vista, inesperada, que faz todo sentido ao unir seriedade e delicadeza em peças que transmitem autoridade sem recorrer ao clichê austero comum entre figuras femininas na política.
Já a atriz Daisy Edgar-Jones, uma das maiores revelações de estilo de 2024, tem aparecido em diversas produções da Chloé, provando que a marca também complementa com perfeição seu estilo jovem e cool, com uma vibe de musa indie.
A nova era da Chloé reafirma sua identidade como uma marca que entende a mulher contemporânea: poderosa, intuitiva e fiel ao seu estilo. Uma celebração do feminino em todas as suas formas, em perfeita conexão com suas raízes.