Tudo sobre a camiseta viralizada Protect the Dolls, símbolo de resistência

por Sofia Stipkovic

Talvez você não tenha reparado, mas uma certa camiseta viralizada tem conquistado o guarda-roupa de celebridades, fashionistas e ativistas no mundo todo. Com a frase "Protect the Dolls" estampada, a peça virou um fenômeno nas redes sociais e um verdadeiro símbolo de apoio à comunidade trans. Mas essa camiseta é muito mais do que um hit. Por trás dessa slogan tee, existe uma mensagem poderosa, um gesto político e uma causa urgente.

Criada pelo estilista norte-americano Conner Ives, conhecido por mesclar sustentabilidade e estética nostálgica inspirada no início dos anos 2000, a camiseta surgiu depois de uma conversa com a modelo Hunter Pifer. Conner buscava uma forma de expressar, através da moda, a sua solidariedade com a comunidade trans em um momento de crescente tensão política e social. “Dolls” é uma gíria afetuosa usada por mulheres trans entre si — uma forma de reconhecimento e carinho dentro da comunidade. Assim, “Protect the Dolls” não é apenas uma frase bonita: é um chamado à proteção, à empatia e ao respeito.

Pessoa acena enquanto veste camiseta viralizada com frase chamativa em ambiente interno.
Foto: Conner Ives (Reprodução)


Lançada de forma independente na loja online do estilista, a camiseta viralizada esgotou em minutos. E não demorou para que ela aparecesse em algumas das figuras mais influentes da cultura pop atual.

Pedro Pascal, Haider Ackerman, Tilda Swinton e outras personalidades abraçaram a mensagem da peça. Mais recentemente, durante o Coachella 2025, o cantor Troye Sivan subiu ao palco com Charli XCX usando a peça, chamando ainda mais atenção para a mensagem.

Mais do que uma roupa, a t-shirt se transformou em uma bandeira.

Jovem com camiseta branca com a frase
Foto: Troye Sivan (Reprodução/Instagram)

Parte do lucro da venda das camisetas é doado para instituições que atuam diretamente no apoio a pessoas trans, como a Trans Lifeline, uma organização baseada nos EUA que oferece apoio e recursos para que pessoas trans possam sobreviver e prosperar. A iniciativa reforça que moda e ativismo podem — e devem — andar juntos.

Uma mulher e um homem usando bonés. O homem veste uma camiseta com escrita
Foto: Pedro Pascal (Reprodução/Instagram)

A popularidade da “Protect the Dolls” cresce em um contexto, no mínimo, preocupante. Nos Estados Unidos, logo no início do novo mandato de Donald Trump, o acesso de pessoas trans a direitos básicos — como o uso de banheiros, a participação em esportes e os tratamentos de afirmação de gênero — começou a ser restringido por meio de novas legislações, entre outras violências políticas. No Reino Unido, o debate sobre identidade de gênero também tem sido marcado por retrocessos e discursos de ódio. 

O Brasil, em 2024, foi o país que mais matou pessoas trans no mundo pelo 16º ano consecutivo. Foram 122 vidas interrompidas — em sua maioria, mulheres trans negras e jovens, com menos de 35 anos, segundo dados divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Diante dessa realidade absurda, vestir a “Protect the Dolls” é uma forma de se mostrar atenta, como alguém que se importa e que se posiciona. É usar a moda como linguagem e o estilo como resistência.

Camiseta viralizada branca com a frase
Foto: Camiseta "Protect The Dolls" (Conner Ives)

E Conner Ives, ao lançar essa peça, provou, mais uma vez, que a moda pode ser mais do que uma micro tendência que varre as redes sociais e vira desejo. Ela pode ser relevante e transformadora ao mesmo tempo. 

Se você também acredita que proteger vidas trans é essencial, talvez seja hora de vestir essa ideia — literalmente.

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