Tudo sobre a cirurgia ortognática, o procedimento que mudou a minha vida
Honestamente, eu nunca tinha ouvido falar da cirurgia ortognática até receber a indicação, mas de alguma forma, desde a adolescência, sentia que tinha alguma coisa errada com a minha aparência. Ok, eu sei que ter questões com a aparência é algo comum nessa fase da vida, mas eu sabia que havia algo além do que uma simples insegurança pela idade, e o aparelho tinha um papel importante nisso…

mas afinal, o que é a cirurgia ortognática?
Para esclarecer de forma profissional, pedi ao Dr. Aluísio que falasse mais sobre o procedimento. "A cirurgia ortognática, também conhecida como cirurgia para correção dos maxilares, tem como objetivo corrigir desarmonias estruturais da face causadas por alterações no desenvolvimento das estruturas ósseas", explica. "A identificação dessas deformidades começa com uma avaliação clínica minuciosa, acompanhada de exames como radiografias, estudos cefalométricos e tomografia computadorizada."
O Dr. Aluísio explica que a cirurgia ortognática é indicada para pessoas que apresentam problemas na posição da mordida, muitas vezes decorrentes do crescimento desproporcional da mandíbula e da maxila, o que pode resultar em dificuldades para falar, mastigar e respirar. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, contando com ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, otorrinolaringologistas e, em alguns casos, cirurgiões plásticos.
As deformidades dentofaciais incluem micrognatismo (mandíbula menor e posicionada atrás da maxila, conhecida como Classe II), prognatismo (mandíbula maior e posicionada à frente da maxila, conhecida como Classe III), assimetria facial, deficiência transversal, mordida aberta e mordida profunda.
o meu caso clínico
O Dr. Aluísio compartilhou detalhes sobre o meu caso. "A paciente Maria Luiza me procurou em 2015 com queixas tanto funcionais quanto estéticas. Ela tinha dificuldades para mastigar, devido ao mau encaixe dos dentes, dificuldades para fechar os lábios, o que a fazia respirar pela boca, além de dores articulares próximas aos ouvidos", explicou.
"Ela também ouvia estalos sempre que abria e fechava a boca e estava insatisfeita com a aparência do rosto, com o queixo posicionado para trás e dificuldade de fechar os lábios sem esforço, além de um sorriso assimétrico", completou o Dr. Aluísio.
A cirurgia foi realizada em 2016, após o uso do aparelho fixo para alinhar os dentes. O procedimento incluiu o reposicionamento do disco articular da articulação temporomandibular (ATM), osteotomia sagital da mandíbula, osteotomia maxilar e mentoplastia óssea para projeção do queixo.

a minha experiência com a cirurgia
Quando descobri o que era a cirurgia ortognática, tudo mudou. Eu tinha 16 anos e, quando o Dr. Aluísio me mostrou uma simulação de como eu ficaria após a cirurgia, minha vontade era realizá-la no dia seguinte. Minha autoconfiança cresceu instantaneamente, mas o processo de preparação levou mais de um ano.
Quando o grande dia chegou, o Dr. Aluísio teve uma conversa franca comigo, que lembro até hoje: o pós-operatório não seria fácil. Mesmo assim, nada me impediria de ter meu rosto alinhado. E ele não exagerou. O pós-operatório foi realmente difícil, e cada dia parecia mais longo que o anterior.
como é o pós-operatório
Mais uma vez, pedi ao Dr. Aluísio que explicasse como é o pós-operatório. Ele detalhou que, no primeiro mês, o paciente precisa de acompanhamento semanal, com orientações específicas para garantir uma recuperação saudável. Nos primeiros dois dias, a alimentação deve ser líquida e fria, passando para pastosa nos dias seguintes. Após cerca de um mês, já é possível retomar alimentos mais sólidos.
O repouso é essencial nos primeiros cinco dias, e o paciente deve se afastar das atividades normais por um período de 10 a 15 dias. Durante as consultas subsequentes, o cirurgião avalia o progresso e orienta sobre o retorno gradual às atividades físicas. A higiene bucal, que deve ser feita após todas as refeições, também será supervisionada semanalmente pelo cirurgião. Além disso, o paciente deverá seguir o uso das medicações prescritas.
Após a cirurgia, é normal apresentar inchaço e hematomas, que desaparecem em algumas semanas, além de uma perda temporária da sensibilidade, especialmente na região do queixo e dos lábios, que pode durar semanas ou meses. Essa sensação de anestesia temporária, no entanto, ajuda a aliviar a dor no pós-operatório. O acompanhamento com fonoaudiólogos e fisioterapeutas acelera a recuperação e contribui para o conforto do paciente.
E como pessoa que já passou por todas essas etapas posso afirmar que tudo isso é verdade. Lembro da sensação de que meu rosto pesava 500kg e de uma dor forte e constante em toda a face. Os primeiros dias são de fato os mais desafiadores, tanto pela restrição alimentar como pelo desconforto para me comunicar e encontrar uma posição confortável.. Mas sinceramente? Passaria por tudo de novo, mesmo sabendo de todo o processo.
como estou hoje em dia
Hoje, nove anos depois da cirurgia, posso afirmar que foi a melhor decisão que já tomei. Apesar de todo o processo de preparação e recuperação, faria tudo de novo! A mudança estética transformou minha autoestima e a forma como me expresso e me apresento às pessoas. Antes, eu sentia vergonha de falar e ser vista em público.
A mudança funcional foi igualmente significativa: não tenho mais dores nas articulações e, após anos usando aparelhos, me despedi deles definitivamente um ano após a cirurgia.