A moda dos casacos de pele está de volta no topo das tendências de 2025?
No início do ano passado, vimos a estética Mob Wife explodir no TikTok. Caracterizada por estampas de animal print, casacos de pele, acessórios dourados e cabelos volumosos fixados com laquê, essa tendência trouxe nova vida à indústria das peles — incluindo as versões sintéticas.
O ressurgimento desse estilo foi impulsionado por alguns fatores: o 25º aniversário de The Sopranos, a série clássica dos anos 90 sobre a máfia; a chegada de um inverno mais rigoroso nos Estados Unidos; e o crescente interesse dos jovens consumidores por peças de pele.
Leia também: Momotaro Jeans: afinal, por que o jeans japonês é tão caro?

Apesar desse recente aumento na demanda, em 2023, a Califórnia proibiu a venda de novas peles, impactando diretamente um nicho de mercado. A Edwards-Lowell Furs, por exemplo, teve que reformular seu modelo de negócios, passando a focar apenas no armazenamento de peles em vez da venda. Como resultado, as receitas despencaram cerca de 50% ao ano, forçando a empresa a entregar seu prédio em Beverly Hills.
No entanto, o dono da loja, Paul Matsumoto, encontrou uma solução inesperada ao se unir a Natalie Bloomingdale, CEO da loja online The Sil. Juntos, organizaram um leilão de casacos de pele de segunda mão no Instagram da The Sil — e o primeiro lote foi vendido em minutos. Hoje, a dupla realiza três vendas mensais, e Matsumoto, cujo negócio já estava à beira do colapso, afirmou em entrevista ao Business of Fashion (BoF) que essa iniciativa ajudou a revitalizar sua empresa.
o que os dados dizem sobre o consumo de pele animal
Desde o final da década de 2010, o mercado parecia caminhar para um consumo sem peles animal. Muitas grifes abandonaram o uso do material, incluindo Gucci, Versace, Prada e Michael Kors, entre outras. Enquanto Israel aprovou uma proibição semelhante à da Califórnia, Itália e Noruega baniram completamente a criação de animais para a obtenção de peles. No entanto, surpreendentemente, a percepção sobre o assunto está mudando novamente.
Na última semana de moda masculina FW25, vimos as passarelas dominadas por peças de pele — seja em casacos longos ou em pequenos detalhes.
De acordo com o perfil especializado em pesquisas de tendências Data But It Make Fashion, marcas como Prada (com 36% da coleção apostando no material), Dolce & Gabbana (35%) e Louis Vuitton (5%) trouxeram a pele de volta às passarelas. Além disso, a busca por casacos de pele aumentou 21% no último mês, provando que a tendência está longe de desaparecer.

sustentabilidade e novas alternativas para substituição
Apesar do crescimento do interesse, os princípios dos consumidores em relação à sustentabilidade não mudaram — pelo menos de forma geral. Com isso, surgiu um espaço para inovações em materiais alternativos que substituem a pele e o couro animal.
A Stella McCartney, por exemplo, desenvolveu o KOBA Fur-Free Fur, um tipo de pele sintética feita a partir de materiais reciclados e de origem vegetal. Diferente das peles sintéticas tradicionais, que geralmente são feitas de poliéster — um material derivado do plástico, altamente poluente e de custo mais acessível em comparação com as peles naturais, que até então eram consideradas itens de luxo — o KOBA Fur-Free Fur se destaca. Ele contém 37% de base biológica, consumindo menos energia e gerando menos emissões de carbono durante a produção. Além disso, é 100% reciclável, reduzindo significativamente o impacto ambiental.
Leia também: Tudo o que você precisa saber sobre a Stella McCartney e a moda sustentável

casacos de pele animal x casacos de pele fake
O ressurgimento da pele na moda levanta debates e traz prós e contras para os consumidores. Optar por uma peça de pele sintética pode parecer uma alternativa mais ética e acessível, especialmente em fast fashion. No entanto, muitas dessas versões são feitas de materiais extremamente poluentes e possuem um ciclo de vida curto, levando à necessidade da recompra.
Por outro lado, o consumo de peles de origem animal incentiva a demanda pelo material, mas, em contrapartida, oferece peças de maior qualidade e durabilidade, podendo ser passadas de geração em geração.

Uma das opções mais conscientes, especialmente para quem mora em regiões frias e busca um casaco de pele, é investir em peças de second hand. Além de promover a moda circular, essa escolha reduz o impacto ambiental e mantém a qualidade de uma peça clássica.
Outra alternativa é apostar em marcas que investem em tecnologia têxtil sustentável e sem nenhuma origem animal, como a Stella McCartney citada anteriormente. Essas inovações mostram que é possível manter o estilo e o conforto sem comprometer o meio ambiente.
No fim das contas, não há certo ou errado, mas sim diferentes formas de consumo. O mais importante é entender o impacto das nossas escolhas e encontrar o que faz sentido para o nosso estilo de vida e valores pessoais.