Precisamos falar sobre esse casaco de inverno que está por todos os lados
Cara leitora, embora gostemos de relatar novas tendências, algumas vezes, por mais bonitas que pareçam, uma ou outra podem nos deixar com uma pulga atrás da orelha. Entre elas, está um belíssimo casaco de inverno muito popular que, mesmo de maneira inconsciente, pode despertar uma problemática. Combinando a estética Mob Wife e resgatando muitas tendências dos anos 90, o casaco de pelo está de volta e está em toda parte.
Durante a NYFW, o modelo apareceu em inúmeros desfiles como protagonista. Fora das passarelas, no street style, ele também estava presente. Entre as celebridades, sabemos que ele é um queridinho. Apesar da maioria ser feita de maneira sintética, ou seja, pele falsa (pelo menos é o que nos é dito), o efeito tendência pode resultar em uma busca maior por versões feitas com pele animal real, o que, nos dias atuais, não é aceitável.
Na verdade, nunca foi, mas era considerado um luxo até recentemente. Afinal, o famoso logo "FF" da Fendi, que significa "Fun Fur", ou seja, "Peles Divertidas", não tinha o intuito de promover o uso de pelo sintético.
Muitos países já implementaram leis que proíbem práticas que levam à exploração de animais. Entre eles, podemos citar Croácia, Holanda, Áustria e Reino Unido. Em 2018, a semana de moda de Londres chegou a banir o uso de pele animal em seus desfiles, seguida pela decisão de Los Angeles, que se tornou a maior cidade norte-americana a adotar a mesma medida algumas semanas depois.
Além disso, várias grandes grifes também seguiram esse caminho. Ralph Lauren, Burberry, Saint Laurent e Prada estão entre os nomes que não utilizam mais pele animal em suas criações, o que levou a um efeito cascata ao longo dos anos. Por outro lado, existem marcas que nunca sequer cogitaram o uso em suas coleções, como Stella McCartney, por exemplo.
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Recentemente, a mais nova integrante do clã Kardashian-Jenner postou uma foto usando um casaco de pelo em suas redes sociais. Não houve confirmação se o casaco é feito de pele real ou sintética, mas a postagem gerou uma divisão de opiniões nos comentários. Embora alguns tenham expressado apoio ao estilo, a maioria pareceu desaprovar a prática, destacando que nem tudo se resume a seguir tendências e que certos comportamentos não são mais bem-vindos.
É possível adotar o uso de casacos de inverno de maneira "ética". Os modelos sintéticos são uma excelente alternativa, e com os avanços tecnológicos atuais, eles oferecem calor, maciez e durabilidade comparáveis aos modelos de pele real. Portanto, a justificativa de que os modelos reais são superiores não se sustenta mais. Além disso, o luxo não deve estar associado à crueldade animal. Essa é uma questão que vem sendo debatida há décadas e não deve ser esquecida. Como consumidores, é essencial exigir transparência das marcas que apoiamos ou pretendemos apoiar.
Porém (sempre há um), o "ético" entre aspas é proposital. A maior parte do falso é feita de modacrílico, um derivado de petróleo e sintéticos que liberta microfibras na lavagem e não se biodegrada. Ajudar o planeta não é fácil, não é mesmo? Por outro lado, de acordo com uma matéria publicada na BBC, existem inúmeras formas de produção que vêm sendo estudadas ao longo dos anos em busca de uma pele sintética bem mais ecológica.
É claro que esse casaco é bonito e a cara dos looks de inverno, nossa intenção aqui, cara leitora, não é tentar fazer algum tipo de "lavagem cerebral" ou julgamento final. Mas sim, levantar uma problemática reflexiva sobre como a busca por eles pode acabar causando um aumento nas buscas por versões reais no mercado. A título de curiosidade, o interesse em peles vintage quase dobrou em comparação com dezembro de 2020, de acordo com dados do Google Trends.
Ou seja, essa "tendência" que nos permeia nesse momento vale essa reflexão, não? Uma vez que o alto interesse pode acabar descredibilizando todo um movimento até então. E você, o que pensa sobre tudo isso?
