Quando a vontade de procrastinar bater, lembre-se: na vida adulta, às vezes, a gente vai ter que se forçar. E não, não é sobre se atropelar ou ignorar os próprios limites. Não é sobre cair na armadilha da produtividade tóxica nem viver como se fosse possível dar conta de tudo o tempo todo. Mas sim sobre reconhecer que, muitas vezes, aquilo que nos faz bem não vem fácil — e que em vários dias, a gente vai precisar ser o nosso próprio empurrão.
Se forçar a tomar água, mesmo sem sede, a sair da cama e dar uma chance para o movimento, mesmo que seja só uma caminhada de cinco minutos com cara de sono. Se forçar a terminar aquela tarefa chata que você jurou que só levaria 15 minutos — mas já está parada há dias (ou semanas). Se forçar a abrir o e-mail, responder o que está pendente, lidar com boletos, IR, planilhas. Se forçar a tirar a roupa da cadeira e, quem sabe, colocar direto no corpo. Às vezes, até isso já ajuda.
A vida adulta vem com uma espécie de planilha invisível de responsabilidades.
E a real é que 80% delas não são exatamente emocionantes, muito menos instagramáveis. Só que continuam lá, esperando a gente fazer — e ignorar só as torna mais chatas, mais urgentes e mais difíceis de enfrentar depois.

Então, qual o caminho?
Viver em guerra constante com a sua to do list ou aceitar, com maturidade e um toque de leveza, que algumas tarefas fazem parte do pacote? Que crescer é, em partes, aprender a lidar com o tédio, o incômodo e até o desconforto — sem deixar que eles engulam a nossa vontade de viver bem?
Existe uma certa força em fazer o que precisa ser feito mesmo sem vontade. Um certo orgulho em olhar pro dia e pensar: "eu não queria, mas eu fui lá e fiz". E, às vezes, esse pequeno gesto é o suficiente pra virar o nosso próprio jogo. Porque maturidade não é fazer tudo sorrindo — é saber que nem tudo será fácil, mas que a gente consegue mesmo assim.
A vida segue. E a gente também.
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