Guia da depilação: uma reflexão sobre se depilar ou não se depilar, eis a questão!
Você se lembra da primeira vez que se depilou? Para muitas mulheres, a depilação se torna um hábito ainda na adolescência, quando os pelos começam a aparecer, e perdura pela vida toda. Porém, muitas de nós começamos a questionar este processo, do porque apenas as mulheres se depilam e porque isso é considerado essencial. Será que não se depilar é sinônimo de sermos menos femininas ou higiênicas?
A escolha de não se depilar, para algumas, ainda é significado de sofrer repressões para que elas tenham vergonha disso, algo natural que o nosso corpo produz. Já outras, realmente se sentem mais confortáveis e confiantes quando se veem sem pelos. A verdade é que as regras não devem existir, nenhuma mulher deve ser julgada a partir das escolhas que faz com o seu corpo, desde que ela seja feita de maneira consciente e não como preocupação com a opinião alheia.
um pouco de história
A história da depilação é antiga, segundo historiadores, desde a pré-história homens e mulheres já se depilavam, como também na Grécia antiga e Egito, mas foi após a Primeira Guerra Mundial que o hábito ganhou mais força no mundo todo. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho e a mudança no guarda roupa feminino, que necessitou de roupas mais práticas para realizar trabalhos, as axilas começaram a ficar à mostra juntamente com os pelos que até então eram quase que erotizados. Logo, criou-se a ideia de que as mulheres deveriam se depilar.
O processo foi ficando cada vez mais extenso após a Segunda Guerra Mundial, as saia e vestidos ficaram mais curtos, os biquínis se tornaram presentes e assim entendeu-se que era necessário depilar também as pernas e virilha. Os anos foram passando, novos produtos depilatórios surgindo e o cinema mostrando suas atrizes sem nenhum pelo, reforçado assim a ideia de que se depilar era um padrão de beleza que as mulheres deveriam atender.
mas é questão de higiene?
Como já adiantamos, as pessoas associaram por muito tempo que se depilar era uma questão de higiene, já que antigamente as condições de salubridade em que viviam eram muito precárias. Então, as pessoas entenderam que retirar os pelos, principalmente os pubianos, iria ajudar no controle de doenças. Hoje, temos acesso à cosméticos destinados à limpeza, nossos hábitos e conhecimentos a respeito da higiene são maiores, então essa ideia de que escolher não se depilar é sinônimo de algo sujo ou anti-higiênico é totalmente errada.
Segundo a dermatologista Dra. Silvia Quaggio, os pelos são responsáveis pela temperatura corporal, ajudam na barreira contra infecção por bactérias, fungos e age da secreção do suor e nosso feromônio. Porém, mesmo tendo todas essas funções e proteções, o ato de depilar é indiferente quanto a nossa saúde. "As áreas mais corriqueiras na depilação não irão interferir para um bom funcionamento do organismo", explica a doutora.
Logo, podemos concluir que a escolha a respeito da depilação está muito mais ligada à estética, a imagem que cada uma se sente confortável ao se olhar no espelho. Não há associação entre o ato de se depilar e a higiene, é uma escolha que cada pessoa deve fazer a respeito de seus hábitos.
eu escolhi não me depilar
luiza junqueira
A influenciadora Luiza Junqueira é uma das mulheres que decidiu não se depilar mais. O processo para ela foi muito ligado ao seu entendimento a respeito do seu corpo e sobre ser mulher, então ela achou que abrir mão da depilação seria interessante e enriquecedor, mas logo ela sentiu julgamentos das pessoas. “A ideia era ver o que ia rolar. E, logo no começo, um ato simples de parar de remover os pelos que crescem naturalmente no meu corpo virou quase como um afronte a normas e regras estabelecidas para corpos femininos. No começo muita gente achou nojento, pessoas do meu convívio comentavam, pessoas nas ruas olhavam e sofri até algumas situações de bullying mesmo”, divide.
Depois disso, Luiza foi percebendo o quanto ela se orgulhava de estar vivendo aquilo, até que se tornou um costume. “E daí aquilo foi virando uma coisa da qual eu me orgulhava. Só que depois de um tempo sem depilar eu me acostumei e comecei a gostar da estética, de como minha axila ficou mais saudável e como eu tinha uma coisa a menos para me preocupar sobre meu corpo", diz, "até cheguei a me depilar algumas vezes depois da decisão de parar, mas confesso que até estranhei. Hoje prefiro deixar eles naturais mesmo e vez ou outra dou uma aparadinha suave”, compartilha a influencer.
é uma preferência pessoal, absolutamente natural e que deveria ser respeitada como tal
Hoje, a influenciadora acha seu corpo mais bonito com pelos, e não encontra mais motivos para voltar a se depilar, mas caso o desejo ressurja, ela o faria tranquilamente, sem nenhuma obrigação. “É uma preferência pessoal, absolutamente natural e que deveria ser respeitada como tal”.
Quando perguntamos se ela já sentiu julgamentos das pessoas, Luiza relata que as pessoas ao seu redor já entenderam e respeitam, mas ainda assim sente que as outras pessoas a estão observando, comenta: “Ainda recebo muitas críticas destrutivas na internet principalmente e alguns olhares nas ruas. Mas não me abala mais. Entendo também que a depilação é algo cultural e que as pessoas são acostumadas a isso. A nossa sociedade ocidental tem uma coisa de negar vários processos tão naturais do corpo humano, né. Mas me entristece perceber que a vigilância da adequação a essa higienização estética do corpo humano recai bem mais em cima de corpos femininos. Chutaria que a maior parte dos corpos masculinos no Brasil também não se depilam, mas isso é tido como natural. Já quando uma mulher não se depila é tido como anti-higiênica. O padrão de beleza da depilação é uma construção social, mas a vigilância é quase obrigação dessa prática afeta bem mais as mulheres.”
sofia stipkovic
A nossa gerente de conteúdo, Sofia Stipkovic, também dividiu sobre as suas escolhas: "Conheci a depilação com cera quando era muito jovem, durante a adolescência, e para mim sempre foi um processo muito doloroso porque tenho muitos pelos. Com o passar dos anos, me tornei, inclusive, a pessoa que se depilava dos braços à virilha toda semana!
E foi só depois de adulta, ao ver outras mulheres abandonando a depilação, que tive coragem de abandonar também. Hoje, infelizmente, ainda não posso dizer que vivo 100% livre da depilação (tenho uma lâmina no chuveiro, não vou mentir!), mas me depilo com muito menos frequência - tão pouco que eu nem sei dizer o intervalo de tempo! - e só quando me dá na telha e não mais por vergonha dos meus pelos. Ainda me sinto no processo de não ter mais vergonha de mim e me sentir bem como eu sou naturalmente."
eu escolhi me depilar
giulia coronato
A Giulia Coronato, nossa editora de comportamento, é uma das pessoas que não abre mão da depilação, pois ela garante que se sente incomodada com a presença de pelos aparentes. Abaixo você entende um pouco da sua relação com o processo e qual o seu método preferido.
"Eu sempre fui muito exigente com o fator pelos, nunca gostei de ter pelos aparentes e lembro que desde muito novinha raspava toda minha perna com lâminas. Já cheguei até a raspar o braço inteiro! Conforme cresci, me encontrei na cera quente e descobri que é a melhor forma de depilação pra mim, o pelo demora muito mais para crescer, cresce mais fininho - e com o tempo senti uma diminuição absurda na quantidade de pelos que nascia nas áreas que eu depilava! Hoje, por conta da pandemia - e um pouco da preguiça - às vezes acabo recorrendo às lâminas, pela praticidade e pela falta de tempo, mas sou totalmente fã da depilação com cera quente e pra mim, não existe método melhor."
izabela suzuki
Nossa estagiária de conteúdo, Izabela Suzuki, cresceu vendo as mulheres de sua família se depilarem, o que gerou curiosidade nela. Após testar a cera quente, Iza amou o resultado e nem mesmo a dor foi um incômodo à ela.
"Eu cresci acompanhando minha mãe e minha tia na depilação e, consequentemente, fiquei curiosa e quis experimentar quando estava com 15 anos - até então nunca havia me depilado com cera quente, apenas usado lâmina -, e não é que eu gostei? A dor nunca foi um problema pra mim, então acabei me acostumando rápido! Sempre gostei da sensação da pós-depilação e me sinto bem e confortável com meu corpo assim, e acredito que o mais importante seja isso, você se sentir bem e confortável com a sua decisão".
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