Moda e psicologia: como nossos sentimentos interferem nosso vestir

por Andreza Ramos

Moda e psicologia estão ligadas. Afinal, é senso comum que a forma como nos sentimos muda tudo ao nosso redor. Muda a maneira como trabalhamos, nos relacionamos e nos vestimos. Mas e se adicionássemos alguns dados científicos para aprofundarmos essa conversa sobre a relação entre moda e psicologia?

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Foto: Gabrielle Richardson (Reprodução/Instagram)


como moda e psicologia andam juntas?

Roupas e sentimentos são vias de mão dupla: elas mudam a maneira como nos sentimos, ao mesmo tempo que a forma como nos sentimos muda completamente nossa relação com as roupas. Tudo isso acontece de forma síncrona, todos os dias, a todo momento e muitas vezes no campo do inconsciente.

Um exemplo de como as roupas podem mudar nossos sentimentos é o experimento realizado pela psicóloga Karen Pine em 2014. Karen vestiu um pequeno grupo com camisetas do "Superman", e o resultado foi que as pessoas com a camiseta acreditaram que poderiam levantar pesos maiores do que realmente conseguiram.

Em outro experimento, os psicólogos Hajo Adam e Adam Galinsky separaram dois grupos e entregaram a ambos um mesmo jaleco branco. Para um grupo, disseram que era um jaleco de pintor; para o outro, um jaleco médico. Surpreendentemente, o grupo que acreditava estar vestindo um jaleco médico se saiu melhor em testes de perguntas e respostas. Soa até engraçado, não é? Mas outra pesquisa indica que, ao vestir suas peças prediletas, pessoas tímidas, por exemplo, tendem a se sentir mais confiantes e extrovertidas.

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Foto: Kia Marie (Reprodução/Instagram)

Fica evidente o quanto o vestir é importante para nossa saúde mental, principalmente em um mundo pautado em performance. Mas e o contrário? A forma como nos sentimos também impacta nossa escolha de roupas? Com certeza.

Uma dupla de psicólogos, Soo Kim e Derek Rucker, reuniu um grupo de pessoas e deu a elas apenas feedbacks negativos sobre si mesmas (o famoso "descer a lenha"). Logo após essa sessão, destinaram esse grupo às compras, e o resultado revelou que quanto mais inseguros os participantes se sentiam consigo mesmos, mais eles compravam.

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Foto: kehaulani (Reprodução/Instagram)

Em um sistema de informações onde tendências surgem todos os dias, a baixa autoestima torna-se o argumento de venda mais forte. Para me sentir mais "moderna" ou mais "importante", uso a cor do momento, que hoje é uma, amanhã é outra, e na próxima semana, outra, e assim o mercado todo ganha com mentes pouco saudáveis e guarda-roupas cheios. É claro que nem todo mundo consome dessa forma, mas em algum ângulo, isso não faz um certo sentido?

Quando nossos sentimentos não estão alinhados com a pessoa que verdadeiramente somos, buscamos no consumo a pessoa que gostaríamos de ser. E nesse ritmo, nosso caminho para uma descoberta verdadeira de um estilo próprio fica ainda mais distante. Está tudo bem sentir-se mais poderosa com a roupa "x" ou "y"; essa é realmente a função da moda. A questão talvez seja você se sentir poderosa apenas quando as roupas permitem isso.

quem é a autora?

Meu nome é Andreza Ramos, sou consultora de estilo e comunicadora de moda, na eterna (e gratificante) função de tornar o nosso vestir mais gostoso, disruptivo, estratégico e intencional. Amo criar looks criativos, mas também estou atenta aos sinais sociais, culturais e história da moda.

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