Hoje é o quarto e último dia da edição F/W 2022/23 da Semana de Alta-Costura de Paris, mas não fique triste, pois separamos os principais destaques do dia para você ver e rever quantas vezes quiser. De coleções inspiradas em elementos da natureza, até designs super sofisticados e minimalistas, as marcas e seus diretores criativos nos apresentam criações extraordinárias, que exalavam não só tendência, mas como a pura essência do Haute Couture.
A cada desfile, a cada peça que passava diante de nossos olhos, nossa mente mergulhava cada vez mais em um universo criativo e enérgico. Os detalhes impecáveis e os cortes super alinhados deram o tom desse quarto dia de Semana de Alta-Costura, e temos que dizer que estamos encantadas com a sutileza em que as tendências foram incorporadas. Dito isso, certamente você não deve estar aguentando a curiosidade, né? Então se prepare e confira tudo que mais chamou nossa atenção.
aelis couture
Com uma coleção sofisticada e intensa ao mesmo tempo, a estilista Sofia Crocini, nome à frente da Aelis, nos apresentou modelos fluidos, com visual polido e suave, e com um toque de romantismo. A marca, que é conhecida por seu viés sustentável, onde alia arte, alto design e uma moda consciente, trouxe uma leveza natural para as passarelas das Semana de Alta-Costura. Cada um dos modelos tinha um aspecto moderno, mas com inspiração vintage e com certa melancolia, quase dramática, profunda e desprendida, podemos assim dizer. Um dos elementos que mais chamam a atenção são os volumes, aplicados em materiais que variam entre tules esvoaçantes e tecidos super encorpados, todos empregando muito movimento para os looks. Além disso, o contraste de cores, do intenso para o suave, do vibrante para o opaco nas criações que brincavam com a transparência. Um show adorável e contemporâneo, com shapes atuais e elementos fashionistas.
yuima nakazato
Surpreendente e muito impactante, essas são algumas das melhores palavras para descrever o desfile de Yuima Nakazato, para a edição de F/W 22/23 da Semana de Alta-Costura. Com um ar super místico e sobrenatural, o estilista japonês, Yuima Nakazato, trouxe para as passarelas uma coleção ricos tons de azul, que transmitiam uma sensação interessante de mistério, e uma atmosfera etérea. As cores pareciam brincar nos movimentos dos modelos, se mesclando de forma trêmula e ondulante com os designs esvoaçantes e super contemporâneos. Outro ponto que brilhou, foram as sofisticadas camadas, aplicadas repetidas vezes em tecidos levemente transparentes e puídos de forma polida, dando um aspecto ainda mais orgânico e livre para os modelos. Além disso, podemos notar uma inspiração fantasiosa glacial e botânica, que parecia ter sido retirada de um filme de ficção. Para alguns looks, o designer apostou no seu conceito já conhecido, onde, a fim de evitar o desperdício, as modelagens de capas e casacos são inspirados em kimonos com formas retangulares.
imane ayissi
Uma das grandes inspirações do estilista camaronês Imane Ayissi, foi a importância da imagem, da aparência nas cultura africanas. Intitulada ‘Miyené’, a coleção de Outono/Inverno apresentada pela marca na Semana de Alta-Costura, trouxe elementos culturais, muitas estampas e fluidez, tudo isso incorporando uma crítica à sociedade, que ‘mede’ e aponta o caráter de acordo com a maneira como as pessoas se apresentam e se vestem. Vimos peças cheias de cores e um visual elegante super alto astral, mas temos que destacar as estampas, em parceria com o artista Boris Nzebo, a fim de apontar o verdadeiro papel dos penteados na tradição africana. Cada linha, cada design, cada detalhe dos looks tinha um porquê de estar lá, não era só uma coleção estética, mas sim uma história contada de maneira sutil e muito criativa, e a não literalidade dos looks, totalmente proposital, foi facilmente absorvida. Os cortes contemporâneos e super autênticos, casaram em perfeita harmonia com as cores alegres, além disso, vimos uma primorosa técnica de alfaiataria, que unia aspectos tradicionais a elementos desconstruídos super fashionistas. Não podemos deixar de destacar os detalhes drapeados, as pregas volumosas e as aplicações posicionadas estrategicamente, que entregavam movimento até para as peças mais rígidas.
fendi
O olhar moderno e sofisticado, mas com toques descolados, que Kim Jones trás para a Fendi sempre nos surpreende, ao mesmo passo que transmite um certo aconchego. Para essa coleção de Outono/Inverno 22/23 para a Semana de Alta-Costura, não é exatamente inovador, mas certamente é super marcante. Um dos maiores destaques do dia, a marca italiana apresentou um desfile que revisita conceitualmente a relação entre três lugares regados à tradição e modernidade, Tokyo, Roma e Paris. Se você reparar com cuidado, é notável perceber a influência das três culturas em cada uma das peças. Mas temos que destacar o trabalho minucioso e delicado dos vestidos em seda, material muito rico e tradicional, que nesse caso foi recriado por um antigo parceiro fabricante de tecidos. Inegavelmente impecáveis e elegantes, os looks também tinham a conhecida pincelada sensual na medida, marca registrada do diretor criativo para a grife. A ambientação totalmente branca e a trilha sonora predominante de música techno, destacou e acentuou ainda mais os detalhes, as cores e a autoridade dos modelos. O uso de elementos como a transparência e o brilho trouxeram um tom poderoso, assim como as cores fortes, quase ácidas de algumas peças, fizeram um contraponto coeso e super interessante. Tons terrosos e beges assumiram o controle por grande parte do desfile, mas de modo algum eles se apresentavam sem graça, muito pelo contrário, as linhas bem pensadas e os detalhes, como aplicações e os shapes levemente amplos e mais despojados, garantiram visuais memoráveis.
julie de libran
Essa coleção tem um tom especial para Julie de Libran, pois marca seu retorno para a Semana de Alta-Costura de Paris, depois de duas temporadas. As criações da estilista, diferentes de outras grifes, não tem aquele viés super grandioso e espetacular - no sentido ostentoso e cenográfico da palavra -, mas não significa que não seja tão deslumbrante quanto. Com a abordagem sofisticada, culta e intensa, os designs apresentados são essencialmente chiques, sem falar nos processos mais conscientes de produção, que buscam diminuir cada vez mais o desperdício. Dito isso, podemos dizer que o visual rebuscado, de altíssima qualidade e minuciosamente bem feito de cada modelo é a prova de que é possível criar moda de forma inteligente e com consciência. A inspiração surgiu de uma foto de Peter Lindbergh, onde Amber Valletta representava um anjo, que passava uma sensação de força e delicadeza, ao mesmo tempo, para de Libran. O caimento fluido propositalmente descuidado, os drapeados cheios de movimento, e as aplicações ricas e detalhistas em pedrarias e penas, transmitiam uma imagem interessantes, já que a sensação principal mesclava algo luxuosamente antigo e sensual, com um ar totalmente moderno.
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