Por que é importante celebrarmos as modelos plus size nas semanas de moda?
Em dados de um relatório recente compilado pela Vogue Business, dos 9.484 looks apresentados nos 230 desfiles da última temporada de moda em Nova York, Londres, Milão e Paris, apenas 0,9% eram vestidos por modelos plus size, enquanto 3,9% eram midsize. Isso levou à conclusão de que 92,2% dos visuais desfilados eram de tamanho padrão, representados pelas numerações entre 0 e 4 nos Estados Unidos.
Nessa mesma temporada, foi a primeira vez que uma mulher plus size desfilou para a Balenciaga. Paloma Elsesser, que fazia parte do elenco de Demna, comentou que esperava por mudanças. "Eu tinha esperança de ver um progresso contínuo, mas tem havido uma propensão sem remorso para a magreza", disse a modelo à Vogue. Mugler também entrou na lista no ano passado com 7,7% de looks de tamanho médio, no entanto, sem inclusão de tamanhos plus size.
Quando observamos números e estatísticas inferiores a 10%, e muitas vezes menores do que 5%, em uma coleção é preocupante. Especialmente quando consideramos que, devido ao destaque feito nos últimos anos sobre uma maior representatividade nas passarelas e nas redes sociais, esperávamos estar caminhando para uma nova era.
Em Milão, a designer brasileira Karoline Vitto, patrocinada pela Dolce & Gabbana, contribuiu para elevar os índices de diversidade na capital da moda, atingindo 100% de representatividade em diferentes tamanhos. Apesar de sua ausência na Semana de Moda de Londres, onde costuma apresentar suas coleções, a cidade ainda liderou em termos de inclusão na temporada, com 1,6% de looks plus size, 9,6% de tamanhos médios e 88,8% de tamanhos normais.
Na capital do Reino Unido, Chopova Lowena, conhecida por sua ênfase em representatividade, trouxe para as passarelas 95,2% de looks de tamanho médio e 4,8% de tamanhos grandes.
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Em Nova York, o designer Rio Uribe, por trás da Gypsy Sport, comentou que reconhece que a "inclusão está em alta", mas destaca que, para a sua marca, isso não é apenas uma tendência, e sim parte do espírito e da comunidade com a qual trabalha. Essa observação nos faz refletir sobre o óbvio - mas que também precisa ser dito -: será que o pouco progresso que vimos nas temporadas passadas não passava de uma tendência passageira?
Considerando que, como mencionado anteriormente, a magreza parece estar ressurgindo com força nas redes sociais e o número de modelos plus size nas coleções tem diminuído, é crucial que as pessoas continuem abordando o assunto, mantendo-o relevante nas diversas plataformas.
Muitos designers não estão dispostos a sair dessa bolha, talvez por medo de não obterem essa popularidade se o fizerem.”
É isso que afirma a modelo Enam Asiama quando questionada sobre a inclusão de corpos diferentes nas passarelas. Para ela, tal ação é um ato político que nem todos estão dispostos a realizar. No entanto, há uma luz no fim do túnel. Juntando-se às pessoas que constantemente questionam a falta de diversidade nos desfiles, as estilistas Elena Velez, Hillary Taymour, Dimitra Petsa e Yuhan Wang são a demonstração perfeita de que as mulheres estão cada vez mais engajadas e dispostas a incluir todos os tipos corpos e cores em suas coleções.
Se pararmos para refletir, percebemos que a grande maioria da moda feminina é concebida por homens, e parece que isso não está prestes a mudar. Recentemente, a única diretora criativa do grupo Kering, Sarah Burton, que esteve à frente da Alexander McQueen por anos, foi substituída por Séan McGirr. Essa mudança gerou muitas discussões na internet, evidenciando a falta de mulheres e pessoas de cor ocupando os principais cargos na moda.
E por que isso é relevante? Porque é um fato que mulheres entendem outras mulheres e seus corpos. "Muitas mulheres veem seus corpos oscilarem ao longo do mês, então é importante levar isso em consideração e criar roupas que se ajustem, independentemente de ganhar ou perder um pouco de peso", afirma Dimitra Petsa, conforme relatório da Vogue Business.
mas afinal, por que celebrá-las?
Celebrá-las é crucial para que essa mudança comece a ter um impacto significativo a longo prazo, promovendo uma verdadeira revolução nas semanas de moda, em vez de ser apenas uma tendência passageira. É imperativo amplificar ainda mais a voz dessa comunidade para evitar retrocessos na indústria e garantir que vejamos mais do que 1,1% de looks plus size e midsize em todas as coleções. A inclusão genuína não deve ser apenas uma moda temporária, mas sim uma prática duradoura e essencial.
para seguir e acompanhar
Abaixo, separamos uma lista com modelos plus size e midsize para você acompanhar e seguir nas redes sociais, cara leitora. Ashley Graham e Precious Lee, por exemplo, são nomes importantes durante as fashion weeks que também são conhecidos por terem mudado o jogo, quebrando paradigmas, estrelando em capas de revista e participando de campanhas importantes.
Além disso, é bom ficar de olho nelas durante as próximas Semanas de Moda que acontecem a partir do dia 29 de janeiro até o dia 5 de março, começando por Copenhagen, que é sinônimo de diversidade e sustentabilidade, e terminando na clássica Paris.
Paloma Elsesser @palomija
Ashley Graham @ashleygraham
Precious Lee @preciousleexoxo
Yumi Nu @_yumi_nu
Lauren Chan @lcchan
Ava Hariri-Kia @lava_ava
Jocelyn Corona @jocelyncorona_
Leslie Sidora @lessance
E para você, cara leitora, o que acha que falta para atingirmos um novo patamar quando falamos em modelos plus size nas passarelas? Compartilhe sua opinião conosco, ficaremos felizes em saber.