Era uma noite como todas as outras quando Rosa Parks, uma costureira de 42 anos, voltava cansada do trabalho, de ônibus, como é a rotina de milhares de trabalhadores. No entanto, o ano era 1955 e ela estava no Alabama, Estados Unidos, onde prevaleciam as leis de segregação racial. Pelo decreto vigente, havia uma área separada por raça no transporte público, mas a preferência era sempre dos brancos. No entanto, aquele dia foi diferente. Ao ser informada que deveria levantar de seu banco para um homem branco sentar quando o ônibus ficou lotado, Rosa Parks se recusou. E assim se acendeu um movimento pelos direitos civis que garantiria a queda dessa e outras leis separatistas do país.
Hoje, 4 de fevereiro, seria aniversário da ativista e é impossível não falar da sua trajetória de luta, que foi de suma importância no movimento negro nos EUA e ecoou pelo mundo. Uma história que não deve ser esquecida, por tudo o que ela representa.
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Rosa Parks nasceu em 1913, em Montgomery, no estado do Alabama. Cresceu em uma fazenda e começou a trabalhar como costureira para ajudar a família. Ao se casar com Raymond Parks, em 1932, entrou para a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), que lutava pelos direitos civis.
Ela, que já nasceu em meio às leis de segregação racial — a lei de separação dos ônibus por cor data de 1900 —, fazia o possível na luta por direitos das pessoas negras. E foi seu ato corajoso que resultou na queda deste decreto. "Eu havia tido um dia difícil no trabalho, [estava] fisicamente cansada e mentalmente irritada. Eu estava farta desse tipo de coisa que precisava enfrentar como pessoa devido à nossa raça”, contou à BBC.
Ao se recusar a levantar do banco daquele ônibus, Rosa Parks foi presa e declarada culpada por violar as leis de segregação, precisando pagar uma fiança. Após a prisão, foi organizado um boicote ao sistema de ônibus, encabeçado por Martin Luther King Jr., que se tornaria um dos maiores líderes do movimento negro no país.
O boicote durou 381 dias na cidade e arredores, o que paralisou o sistema de transporte público por falta de recursos, já que ele contava com mais de 40 mil usuários negros. Em 1956, a Suprema Corte julgou a segregação racial em transportes públicos inconstitucional.
Apesar de ter se tornado um ícone do movimento, Rosa Parks sofreu muitas sanções por seus atos. Ela e seu marido perderam os empregos, eles precisaram se mudar por conta das ameaças, além de continuarem sofrendo com o racismo e segregação. Mesmo assim, continuou atuando no movimento pelos direitos civis e trabalhou como assistente do político democrata John Conyers até se aposentar. Em 1992, lançou sua autobiografia “Rosa Parks: My Story”. Ela faleceu 13 anos depois, em 2005, de causas naturais.
A trajetória de Rosa Parks nos lembra que é preciso coragem para lutar pelos nossos direitos. E que, apesar de nunca ser fácil, a batalha precisa continuar até que estejamos livres por completo.