A importância de realizar sonhos e porque precisamos valorizá-los mais

por Karen Merilyn

Eu sempre fui muito sonhadora. Tenho sonhos grandes e pequenos, alguns se tornaram realidade e outros ainda não. No entanto, à medida que vou vivendo novas experiências, tenho notado que realizar sonhos é essencial para que a gente seja feliz, mas que nossa relação com cada desejo precisa ser melhor para que possamos sonhar e realizar mais.

Você já parou para pensar em quantos sonhos realizou? Em quantas coisas que um dia você sonhou tanto fazem parte da sua realidade hoje? Tenho certeza que você vai pensar em como sua vida mudou com cada um deles. Foi pensando nisso que eu comecei a refletir o quanto é importante não só realizarmos nossos desejos, mas também valorizá-los mesmo depois que o encanto do primeiro momento passa.

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Foto: Karen Merilyn (Reprodução)


Primeiro eu queria dizer que ultimamente não posso reclamar, realizar sonhos tem sido algo relativamente frequente na minha vida. Mas, de certa forma, eu tenho estado mais frustrada que realizada. Isso porque na correria do dia a dia, a gente acaba esquecendo dos sonhos realizados que estão à nossa volta. Acho, inclusive, que foi isso que me motivou a escrever esse post: tentar resgatar tudo que aconteceu de legal nos últimos anos.

Esse sentimento é quase intrínseco em qualquer millenium, eu sei. As redes sociais e o mito da vida perfeita só faz a gente focar nos sonhos que ainda não realizamos. Eu, por exemplo, tenho 28 anos e nunca saí do país, algo que eu sonho desde a adolescência e que pensei que já teria feito nessa fase da vida.

Em contrapartida, eu vivo todos os dias um dos meus maiores sonhos: trabalhar com moda. Muitas vezes, mais do que consigo contar, achei que nunca iria conseguir. Sendo uma mulher negra da periferia de uma cidade do interior, sabendo como o mercado pode ser cruel e seletivo, já me peguei tentando me convencer a desistir. Mas hoje é a minha realidade — mesmo ainda morando no mesmo bairro que cresci. No entanto, eu penso muito mais sobre o que eu não conquistei do que na minha realização diária. Viu como isso é traiçoeiro? Focar na frustração me afasta de tudo que eu já conquistei. 

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Foto: Karen Merilyn (Reprodução)

Outra coisa que percebi é que, no geral, não valorizamos os pequenos sonhos. No meu caso, eu tinha o sonho de ficar ruiva. Foi algo que desejei por muitos anos, mas nunca fiz. Primeiro, foi porque achava que não combinava com meu tom de pele — uma bobagem, que felizmente caiu por terra. Depois foi só porque fui deixando para depois.

Este ano decidi comprar uma lace ruiva para usar no meu aniversário, afinal, nada como o início de um novo ciclo para nos impulsionar. No momento em que coloquei a lace, percebi que era tudo que eu precisava. Passei a me achar mais bonita e fiquei até mais feliz. Comprei uma segunda lace da mesma cor, usei por um tempo e depois coloquei trança ruiva. Apesar de — ainda — não ter pintado o cabelo, tenho 100% de certeza que é o que vou fazer em breve. E eu sei que parece bobo, mas fez diferença de verdade na minha vida. Até agora, não sei por que demorei tanto para realizar algo que estava ao meu alcance o tempo todo.

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Foto: Karen Merilyn (Reprodução)

Por que será que não focamos nessas pequenas conquistas? Eu acho que estamos acostumados a pensar que realizar sonhos sejam coisas grandiosas e fora do normal, que só podemos alcançar com muito sofrimento, como em um filme em que a mocinha precisa viver todos os infortúnios para ter um final feliz. Mas nossa vida não tem uma hora e meia de duração. Ela é feita de alegrias pequenas e grandes, nuances, momentos bons e ruins.

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Foto: Karen Merilyn (Reprodução)

Outra coisa sobre sonhos é que a gente idealiza que tudo vai ser perfeito no momento em que eles se tornarem reais. E isso não é necessariamente verdade. Nossa vida tem várias áreas e pode ser que alguma delas não esteja tão boa no momento em que algo muito legal acontece. E esse é mais um motivo para se agarrar ao lado bom.

Recentemente, realizei um dos meus sonhos mais antigos, que era assistir aos Jonas Brothers ao vivo. No último show que eles fizeram no Brasil, 11 anos atrás, eu não tive como ir por diversos motivos, e isso foi uma tristeza para mim por muito tempo. Nas horas antes do show, que eu achava que estaria mais feliz que nunca, me sentia apática. Para completar, estava com os pés inchados e doendo, nem consegui ir com o tênis que queria. Logo pensei que estava tudo acabado, que meu sonho tinha sido estragado. Grande besteira! O show foi incrível, eu choro toda vez que lembro, e quando eles estavam no palco não existia mais nada, nem frustração, nem dor, nem apatia. Eu só estava genuinamente feliz de estar vivendo aquilo que sonhei durante 15 anos.

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Foto: Karen Merilyn (Reprodução)

O fato é que criamos muita pressão em cima dos nossos sonhos, quando eles deveriam ser o que nos motiva, não o que nos aprisiona. O como e o quando muitas vezes estão além do nosso controle, mas podemos focar no “o que”: o que queremos, o que é importante, o que nos faz bem. Realizar sonhos é isso, no final das contas: algo que, quando chega, nos dá aquela sensação inexplicável, aquela felicidade genuína que pode até não ser contínua, mas que será sempre uma lembrança que aquece o coração.

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Foto: Karen Merilyn (Reprodução)

Por outro lado, também precisamos reconhecer que há inúmeros eventos na vida com os quais não sonhamos, mas que se tornaram grandes realizações, porque chegaram de forma inesperada e foram importantes na nossa história. Eu, por exemplo, nunca sonhei em viajar para o Acre, mas passar uns dias na floresta amazônica a trabalho, sem internet e dormindo na rede, foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Nunca pensei que iria ao São João de Campina Grande, na Paraíba, estive lá e me apaixonei por cada detalhe. Nem ousei sonhar em ir para o Navio Numanice, mesmo sendo muito fã da Ludmilla, e não é que tive essa oportunidade?

A vida nos surpreende e sonhos se realizam, de uma maneira ou outra. Sonhos pequenininhos, sonhos gigantescos e sonhos que nem existiam antes de se tornar realidade precisam ser valorizados da mesma forma, porque são eles que nos movem. Eu sei, por experiência própria, que é difícil focar na parte boa quando sua vivência é menos privilegiada que de outras pessoas, mas te garanto que lembrar todos os dias do que já conquistamos torna a jornada mais leve.

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