O que é preciso para ser um personal shopper? A gente te conta!

por Karen Merilyn

Tradicionalmente, o serviço de personal shopper focado em moda sempre esteve muito ligado à consultoria de imagem. No entanto, com a evolução das tecnologias, novas possibilidades se abriram para esse profissional. O que permanece na profissão é que ele é o responsável por fazer com que algum item de moda chegue até seu cliente, facilitando a compra de acordo com os gostos pessoais de quem ele atende. Por isso, é um trabalho que envolve uma curadoria minuciosa para atender as mais diversas especificidades. 

E para falar sobre essa carreira de moda, conversamos com a Helen Rodrigues, fundadora e CEO da SUPERNOVA, uma plataforma que guia a consumidora na busca por itens de luxo de second-hand. Ela criou o próprio nicho dentro do serviço de personal shopper e se destacou no mercado. Confira todas as dicas que a Helen compartilhou para quem quer trabalhar na área: 

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Foto: Helen Rodrigues (Reprodução)


Primeiro, conta um pouco da sua trajetória profissional? 

H.R.: Eu não venho da área da moda, mas desde que conheci o universo dos brechós e do vintage, me apaixonei. Com o tempo, fui virando aquela pessoa que encontra as coisas mais legais em brechós, feirinhas de antiguidade, plataformas de revenda... Depois de muitos anos garimpando, fui desenvolvendo um "olho" muito bom para encontrar peças especiais e virei aquela amiga pra quem as pessoas perguntam: "Nossa, adorei esse colar, de onde é?" E eu, claro, respondo: "É de brechó". 

Eu amo encontrar peças únicas ao longo do tempo e criar meu estilo com itens que ninguém vai ter igual. Se for vintage, melhor ainda. E amo tanto fazer isso que comecei a ajudar as amigas e a família, e depois fundei a SUPERNOVA, que, dentre outros serviços inovadores, é a primeira empresa a oferecer o serviço de personal shopper só focado em achar peças second-hand, especificamente de luxo, o SUPER SHOPPER. Por lá, já atendemos mais de 1.000 pedidos. 

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Foto: SUPERNOVA (Reprodução)

O que faz um personal shopper? 

H.R.: No meu caso, eu garimpo em brechós de luxo online para encontrar peças especiais para as clientes. Em geral, trabalhamos com demandas específicas: a cliente está desejando, por exemplo, uma bolsa X ou uma peça para usar em uma ocasião especial, e eu busco opções que atendam. Além disso, um ponto muito importante é que fazemos uma curadoria prévia dos brechós, que acabou virando o primeiro guia de brechós de luxo do Brasil, o nosso SUPER GUIDE. Nós avaliamos cuidadosamente as empresas e só trabalhamos com brechós que garantem a autenticidade das peças que vendem (autenticação in loco). Já são mais de 50 brechós no Guia e, inclusive, as pessoas podem baixá-lo gratuitamente no nosso site. Esse ponto se torna cada vez mais importante por conta do aumento da indústria da falsificação e golpes digitais. A partir dessa lista de lojas e sites, nós temos um estoque enorme de produtos onde procurar, pois como no mercado second-hand cada peça é única, todo dia chega coisa nova. 

E nós teremos também, a partir do dia 26/02, o nosso próprio serviço de autenticação através de imagens. Então, a pessoa vai conseguir autenticar uma peça antes mesmo de comprar, com o link do anúncio, ou também dentro dos sete dias de prazo de devolução após a compra. É mais uma novidade que estamos trazendo pro mercado, através de uma equipe de especialistas que já autenticaram mais de 100.000 produtos. 

Como é o dia a dia da profissão? 

H.R.: Meu trabalho de atendimento e curadoria de produtos é 100% online. O cliente solicita o serviço em nosso site, e depois prosseguimos pelo Whatsapp. Algumas vezes os produtos são rapidamente encontrados, mas outras é necessário visitar e procurar em muitos sites, principalmente quando é uma peça rara, de um tamanho específico, pouco desapegadas ou até mesmo itens recém-lançados e que ainda nem chegaram ao mercado second-hand. Como nem sempre encontra-se logo de cara, e todos os dias chegam milhares de peças novas nos brechós online, o trabalho é grande, porém compensador: eu amo finalmente encontrar aquela peça que a cliente queria! 

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Foto: SUPERNOVA (Reprodução)

O que é necessário para ser um personal shopper em termos de estudo e pesquisa?

H.R.:  Desde que comecei a amar garimpar peças, tenho feito vários cursos como, por exemplo, de Cool Hunting para conseguir juntar o second-hand com as tendências atuais. Também fiz cursos de arte e história da arte, além de pesquisa contínua sobre tendências de consumo e comportamento, e não só de moda. Expandir o repertório ajuda muito a se tornar um profissional mais completo.

Com que tipo de produtos o personal shopper pode trabalhar? 

H.R.:  Vejo o mercado de serviços personalizados crescer cada vez mais. Atualmente, as pessoas têm menos tempo livre e querem mais comodidade. Já existe personal shopper de quase tudo e acho que é uma tendência que deve continuar. Então, não somente na moda, mas em outros nichos, um personal shopper pode trabalhar como, por exemplo, a curadoria de enxoval para bebê, compras de supermercado, obras de arte para a casa (os curadores de arte), etc. 

Como estar atento às tendências ajuda no trabalho do personal shopper? 

H.R.: É muito importante saber o que está acontecendo no mundo, pois tudo influencia no comportamento de consumo das pessoas. Desde as tendências de moda e o que é desfilado nas passarelas, até o ressurgimento de antigos estilos, músicas e filmes nas redes sociais, por exemplo, e que acaba trazendo novas narrativas para movimentos que já aconteceram antes. A nostalgia vem resgatando e revisitando estéticas do passado, mesmo que as pessoas (os mais jovens, da geração Z) não as tenham vivido. Hoje, eu enxergo muito esse movimento acontecendo: a trend novíssima e acelerada se encontrando com realidades que não voltam mais e que são reconstruídas de alguma maneira pelas novas gerações.

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Foto: SUPERNOVA (Reprodução)

Quais são os maiores desafios da profissão? 

H.R.:  No nicho onde atuo, o maior desafio, que ao mesmo tempo é também o mais legal, é que cada peça é única. Então, precisamos ser rápidos ao encontrar uma peça para a cliente (pois pode existir apenas uma única unidade no mercado) e ela também precisa estar certa e proceder a compra senão pode ficar sem o produto.

Que conselho você daria para quem quer se tornar um personal shopper? 

H.R.:  Além de estudo e pesquisa constantes, escolher um nicho e se especializar nele. Assim, você se diferencia mais facilmente e as pessoas irão te reconhecer como autoridade.

Para se tornar um personal shopper não é necessária nenhuma formação tradicional. No entanto, alguns cursos podem ajudar quem ainda está começando na área. Institutos como a Ecole Supérieure de Relooking e a EBAM oferecem essa formação. Há ainda cursos de consultoria de imagem que incluem o ensino de personal shopping, como o do Senac

Esse post faz parte da nossa série sobre carreiras de moda. Quinzenalmente, trazemos visões de profissionais de diversas áreas da indústria, para contarem suas histórias e compartilharem experiências. 

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