Se você sonha em trabalhar com moda, com certeza já pesquisou as possibilidades de profissões nesta área. No entanto, achar profissionais falando sobre sua rotina, os desafios e dando dicas para quem ainda não está no mercado de trabalho não é uma tarefa fácil. E foi assim que nasceu o Carreira de Moda, nossa série de conteúdos com experts dos diversos setores do mercado, com o objetivo de trazer mais informações para quem ainda está descobrindo o que quer fazer dentro da indústria fashion.
Por ser uma área muito extensa, há inúmeras possibilidades de trabalho e dá para levar em consideração muitos fatores na hora de decidir qual ocupação seguir, como aspirações pessoais, habilidades prévias, retorno financeiro, rotina, local de moradia, entre outros. Por isso, reunimos algumas profissões aqui para dar uma força na pesquisa. E se você quiser conferir as entrevistas completas, é só clicar no link de cada profissão.
jornalista de moda
O jornalismo de moda tem um papel fundamental dentro da indústria. É através dele que acontece a comunicação do que é importante na área e, consequentemente, a difusão da informação que torna a moda popular em diversas instâncias. E seguir essa carreira é estar sempre atualizado, se adaptar às mudanças do mercado e entender seu papel enquanto profissional, construindo sua credibilidade, que é um pilar fundamental quando falamos de jornalismo. “Acredito que para se tornar jornalista de moda é, além da competência técnica de ter uma boa escrita, dominar linguagens — que não são só textuais, mas das redes sociais, comunicação vigente no digital — tudo isso é muito importante para quem é jornalista, para quem trabalha com conteúdo”, compartilhou Luiza Brasil.
social media de moda
A profissão de social media de moda é recente. Ela está inserida no marketing digital e é um segmento que trata de vender e atrair mais consumidores para as marcas, mas totalmente voltada para a área de moda. Por isso, é necessário que o profissional tenha um background sobre tendências, história e tudo que envolva esse universo. “Por ser uma profissão nova, o escopo de atuação ainda depende muito da expertise e o foco do profissional, mas o meu foco maior sempre foi trazer resultados para os meus clientes, e para que isso acontecesse eu precisava ir muito além do básico de só de criar posts bonitos: eu acompanhava desfiles e lançamentos das marcas, criava ativações na loja, ajudava com marketing de relacionamento, criava campanhas de vendas on e off-line, e até fazia vez de visual merchandising pra criarmos de verdade uma comunicação forte em todos os canais, se necessário”, contou Zu Oliveira.
escritor de moda
Entre as profissões na carreira de moda, uma delas envolve a publicação de livros, uma parte muito importante não só para as universidades, mas também como uma fonte essencial de conhecimento sobre a área e seus diversos campos. E é aí que entra o escritor de moda. “Eu acho que para você ser um escritor e falar sobre qualquer coisa e não somente sobre moda, tem duas coisas que eu fui entendendo ao longo desse tempo: primeiro você precisa dominar bastante sobre aquele assunto. Parece uma coisa meio óbvia, mas você precisa se aprofundar e mergulhar realmente nisso. E por outro lado, é importante também que você traga uma visão que seja sua, que não seja óbvia. Então, sei lá, tinham muitos livros de moda quando eu comecei a escrever que falavam sobre estilo, falavam sobre um monte de coisa, mas nenhum livro falava sobre construção de marca de moda da forma como eu falava. Eu acho que o grande diferencial ali foi o olhar que eu trouxe, o recorte que eu trouxe, a edição que eu trouxe para esse tema. Quem quer escrever sobre moda precisa entender sobre o que vai escrever dentro desse universo da moda”, disse André Carvalhal.
professor de moda
Em todas as profissões dentro da indústria da moda, uma é o pontapé inicial: o professor de moda. É ele que vai formar profissionais de várias áreas dentro desse nicho tão diversificado. “O exercício da docência está justamente na atualização diária das informações de uma indústria que se transforma. O professor é antes de tudo um pesquisador, que é curioso, que estuda e busca novos conteúdos. Também acredito que temos que pensar de dentro para fora. Instigar o aluno para fazer mudanças expressivas no mercado de trabalho, dentro de um modelo existente”, esclareceu Walquiria Caversan.
visual merchandiser
O visual merchandiser trabalha com a experiência do consumidor e como as peças de roupa são vistas. Afinal, para uma roupa ser atrativa em uma loja é necessário estudo, criatividade e todo um trabalho técnico até que ela chegue nos manequins. “ É aquela pessoa responsável por despertar o desejo do cliente por uma peça ou look. Nossa rotina é bastante estratégica e em sua maioria começa bem cedo, com a loja ainda fechada. É como preparar a casa para receber os convidados para uma grande festa”, explicou Luanda Inaê.
consultora de imagem
A consultoria de imagem é uma ferramenta para trabalhar como alguém se comunica e que mensagem ela quer transmitir através da roupa, do cabelo, do comportamento e tudo que diz respeito à imagem. E a consultora é essa ponte para ajudar a cliente a atingir seu objetivo. “Quando a gente fala de imagem, falamos de identidade e de como mostramos isso para o mundo. Queremos entender qual o desejo de imagem da cliente, mas também trazer autoconhecimento, um processo que acontece de dentro para fora. Lá atrás, nos anos 1990, quando a consultoria de imagem nasceu, tinha muito “o que é proibido” ou “o que pode ou que não pode”, mas na verdade esse não é o papel da consultora. A gente precisa pensar muito no autoconhecimento e nos aspectos que o cliente quer transmitir na sua imagem”, contou Luciana Ulrich.
coolhunter
A profissão do coolhunter, apesar de não ser exclusivamente da área de moda, está frequentemente ligada a ela, porque trabalha essencialmente com tendências. Além disso, o coolhunting é uma atividade relativamente nova, tendo surgido por volta dos anos 1990. Em tradução livre, a palavra quer dizer "caçador do cool". “Coolhunters são profissionais, normalmente de empresas ou times de pesquisa, que são responsáveis por identificar comportamentos e movimentos emergentes que irão influenciar o mercado em um futuro próximo”, compartilhou Sofia Martellini.
fotógrafo de moda
O fotógrafo de moda tem diversas possibilidades de trabalho, seja captando o street style, clicando campanhas publicitárias para marcas de moda, fotografando desfiles, fazendo capas de revistas ou tudo isso junto. É uma profissão que exige além de estudo, um certo olhar para definir que imagem de moda ele vai construir. “Nessa profissão é preciso ser um bom observador. As oportunidades estão em todos os lugares, quanto mais conteúdo se absorve, mais se amplia a visão. No nosso caso, compreender o mercado de moda, em especial o de luxo, passa por um bom background em história da arte, cinema, fotografia, publicidade e estar sempre ligado à tecnologia”, disseram Nancy Garcez e Pedro Bert, do A LOT OF TROUBLE.
estilista
A definição de estilista é “aquele que se dedica, profissionalmente, a criar e desenvolver um estilo de roupa”, segundo o dicionário Michaelis. Ou seja, é quem vai conceber a ideia de uma peça, desenhá-la, criar um conceito e coordenar uma equipe que vai ajudar a executá-la. O estilista pode trabalhar para grifes e grandes empresas do varejo, mas também ter sua própria label. “Acho que ser estilista é pouco sobre a formação e mais sobre o seu propósito e olhar artístico. [É] sempre se questionar ‘por que eu quero ser estilista?’. Fazer roupa é a mesma coisa que fazer um quadro, a sua visão vai determinar onde esse quadro vai estar exposto. É sempre importante imprimir a sua visão, a sua individualidade, o que vai fazer sua criatividade apaixonar as pessoas.
modelo
A modelo é a pessoa que vai promover um produto de alguma forma. Pode ser nas passarelas, em shootings ou campanhas publicitárias. É quem dá vida a uma roupa para apresentá-la ao público. “[Para] ser modelo tem que trabalhar, tem que saber entregar. Afinal de contas, a responsabilidade da modelo é muito grande ali naquele momento, seja num set de foto, de uma campanha ou numa passarela. Nós temos que entender que são seis meses ou mais de um trabalho de um time gigantesco, que vem lá de trás. Então, a responsabilidade da modelo de representar aquela peça, representar aquela criação para o consumidor e fazer com que o consumidor queira comprar aquele produto é gigantesca”, explicou Dando Baumgartner.
stylist
Contar uma história através do look, tornar uma peça mais atraente, pensar fora da caixa quando o assunto é imagem de moda, criar uma rede de contatos com marcas e assessorias. Essas são apenas algumas das funções que um stylist desempenha. “O stylist vai pensar a pauta, vai montar um moodboard, vai fazer toda a parte visual, toda a parte de pesquisa. Depois de ele ter visualizado tudo e tudo estiver bem fechado, passa a pauta para o produtor de moda, que a partir disso começa a entrar em contato com as marcas e assessorias para entender quais peças cabem ou não dentro da pauta que o stylist visualizou”, esclareceu Fernanda Galindo.
beleza
Outra maneira de trabalhar com moda é através da área da beleza. Principalmente sendo maquiador ou hair stylist. A moda e a beleza andam juntas não só nas passarelas, mas no nosso cotidiano. Afinal, ambas têm a ver com imagem, criatividade e expressão. Por isso, quando falamos em carreira na área de moda, também estamos falando dos profissionais da beleza. “Para se tornar uma maquiadora ou hair stylist não é necessário ter uma formação formal, mas a educação e o treinamento são valiosos para desenvolver habilidades técnicas e conhecimento prático. Antes de tudo, encontre o seu estilo. É necessário investir em cursos de especialização em maquiagem ou penteado, treinamento prático para desenvolver habilidades, construir um bom portfólio com fotos do seu trabalho, construir um bom networking para abrir portas e oportunidades, e o principal: manter-se atualizado sobre as tendências, novidades, técnicas e produtos”, contaram as irmãs Panozzo.
fashion law
O direito da moda pode ser considerado quase como algo inerente à indústria. No entanto, foi só em meados de 2006 que o termo “fashion law” foi criado nos Estados Unidos, com o objetivo de se aprofundar nas especificidades da moda quando se trata de leis e direitos. De lá para cá, o conceito se expandiu e se popularizou, chegando ao Brasil e despertando o interesse de profissionais da área e, claro, de muitos entusiastas de moda que sonham em seguir carreira no segmento.
"O fashion law nasceu com a professora Susan Scafidi, da Fordham University, em Nova York, quando ela percebeu a falta de proteção da moda nos Estados Unidos. Ela começou a falar sobre isso em um site dela, que chegou a ser um dos cem sites jurídicos mais importantes dos EUA. A Susan cunhou esse termo por conta da cópia na moda", explicou Deborah Portilho, que é presidente da Comissão de Direito da Moda do Rio de Janeiro.
vendedora de moda
Como uma indústria que depende do consumidor final, há uma profissão que está na ponta de todo esse processo: a de vendedora de moda. O dia a dia envolve muita interação com o cliente, técnicas de venda, conhecimento em tendências e estilo pessoal, e muito trabalho em equipe. Tudo isso para garantir a melhor experiência para quem compra.
"Precisamos compreender cada tipo de cliente e é aqui que temos abertura para poder conversar com ele. Ter comunicação, escutar atenciosamente para que assim possa ser criado um elo e descobrirmos o motivo da compra dela. E não esquecer de conhecer todos os produtos que temos para vender! Isso é muito importante, para que não sejam passadas informações erradas. Hoje em dia a venda está muito ligada ao digital, precisamos ter habilidade com a tecnologia. E o último, mas não menos importante, é ter técnicas de storytelling, é por ele que vai ser despertado um desejo de compra do seu produto", contou Julyane de Lima, vendedora da Farm.
personal shopper
Tradicionalmente, o serviço de personal shopper focado em moda sempre esteve muito ligado à consultoria de imagem. No entanto, com a evolução das tecnologias, novas possibilidades se abriram para esse profissional. O que permanece na profissão é que ele é o responsável por fazer com que algum item de moda chegue até seu cliente, facilitando a compra de acordo com os gostos pessoais de quem ele atende. Por isso, é um trabalho que envolve uma curadoria minuciosa para atender as mais diversas especificidades.
"Em geral, trabalhamos com demandas específicas: a cliente está desejando, por exemplo, uma bolsa X ou uma peça para usar em uma ocasião especial, e eu busco opções que atendam. Algumas vezes os produtos são rapidamente encontrados, mas outras é necessário visitar e procurar em muitos sites, principalmente quando é uma peça rara, de um tamanho específico, pouco desapegadas ou até mesmo itens recém-lançados e que ainda nem chegaram ao mercado second-hand. Como nem sempre encontra-se logo de cara, e todos os dias chegam milhares de peças novas nos brechós online, o trabalho é grande, porém compensador: eu amo finalmente encontrar aquela peça que a cliente queria!" explica Helen Rodrigues, fundadora e CEO da SUPERNOVA.
empreendedora de moda
Outra possibilidade para trabalhar com moda é abrir seu próprio negócio. Dentro da indústria, uma das áreas que tem crescido muito nos últimos anos é a do second-hand, principalmente pela maior preocupação do consumidor com a sustentabilidade e a nostalgia que está em alta na moda, fazendo a procura por peças vintage aumentar.
"Trabalhar com brechó é um trabalho mais difícil do que as pessoas imaginam. Sempre brinco que é uma caça ao tesouro, nunca sabemos o que iremos encontrar na hora do 'garimpo', às vezes podemos encontrar muitas peças e outras vezes não. O meu processo de curadoria leva em média de seis a oito horas analisando peça a peça, modelagem, tecidos e também informação de moda", conta Stheffany Wendy, CEO do I Need Brechó.
designer de joias
Além das roupas, os acessórios também fazem parte da indústria da moda. Por isso, um designer de joias é um profissional tão importante na área, já que ele é o responsável por idealizar cada peça que estará com a gente, muitas vezes todos os dias.
"Um designer de joias pode ir muito além de simplesmente projetar joias ou esculturas vestíveis. Hoje a maior parte das lideranças em design atuam de forma holística, como diretores criativos, construindo e realizando um universo e uma linguagem própria que abrangem diversos aspectos.
Precisamos pensar em todos os aspectos da marca, considerando como as criações chegam até as pessoas, qual tipo de vínculo se cria, qual a intenção e propósito com este vínculo, como é possível contribuir para o avanço de alguma questão da sociedade… Isso tudo ultrapassa, mas não exclui a necessidade de entender sobre soluções técnicas para produtos, ergonomia, materiais, etc. Ser designer de joias e conseguir se destacar hoje é uma função muito mais complexa e dinâmica do que apenas o foco nas soluções técnicas para um produto", explica Paola Vilas, que faz esculturas vestíveis em sua marca homônima.
engenheira têxtil
Quando falamos em carreira de moda, o imaginário geral são as redações de revistas, bastidores de desfiles e campanhas milionárias. No entanto, há profissionais que estão dentro das fábricas fazendo essa grande roda que é a indústria da moda girar. Uma delas é a engenheira têxtil, que pode cuidar do processo de fabricação das peças, coordenar equipes, controlar a produção de tecidos, entre outras funções que envolvem a parte industrial da moda.
"Acredito ser uma das engenharias com mais possibilidades de áreas de atuação, tanto com análise de produtos têxteis, qualidade, produção desde da matéria-prima primitiva, já processada, ou com o produto final têxtil, podendo ser roupas, linha de cama, mesa e banho, entre outros. Mas, em resumo, o engenheiro têxtil é o profissional que trabalha com análise, qualidade e produção de tecidos e roupas", conta Huiara Dias, que é gerente de produção na Reserva.
bordadeira
Há ainda quem faça o trabalho artesanal dentro da indústria. E uma das profissões desse segmento é a de bordadeira, profissional que pode tanto fazer parte do processo criativo de uma roupa quanto ser responsável por executar a demanda de uma marca. Em todo caso, trata-se de um trabalho que exige dedicação, criatividade e muito amor.
"O principal para se tornar uma bordadeira, primeiro é gostar de trabalhos manuais. Não é uma questão de habilidade, é questão de você gostar do que faz, então acho que o principal é isso. Estudo, profissionalização, a gente vai conseguindo. Então, a principal ferramenta para se tornar uma bordadeira é a curiosidade, a vontade de aprender, que é o que funcionou comigo", disse Susana Brito, bordadeira do Projeto Fio.
figurinista
Outra área dentro da indústria da moda é a dos figurinos. Seja em peças, filmes, séries ou qualquer produção que exija a construção da imagem de um personagem, é a figurinista que entra em campo. O figurino de uma produção audiovisual é tão importante que tem até sua própria categoria no Oscar. Afinal, o vestuário de um filme, série ou novela impacta diretamente em como ela será vista.
"Um figurinista é o profissional responsável por criar e cuidar dos figurinos utilizados em produções artísticas, como teatro, cinema, televisão, dança e eventos. O trabalho de um figurinista envolve a escolha e criação de roupas, acessórios e adereços que estejam de acordo com a personalidade e características dos personagens, bem como com o estilo e época da produção. Somos nós que desenvolvemos a imaginação do público, permitindo uma construção mais profunda de cada personagem, cenas e até mesmo diálogos. Afinal, uma peça de roupa pode dizer muito sobre nossa personalidade", explica Dai Canzain.
Leia Mais
Por último, vale lembrar que nossos conteúdos sobre carreira de moda saem quinzenalmente aqui no STL, sempre com um profissional da área compartilhando dicas.
A gente disponibiliza também algumas opções de onde se especializar em cada profissão. Assim, fica mais fácil saber como é trabalhar com moda e qual carreira tem mais a ver com você.
