A indústria da moda movimenta bilhões por ano e depende de milhões de profissionais em diversos segmentos para fazer essa economia girar. E, dentro disso, há uma profissão que está na ponta de todo esse processo: a de vendedora de moda. O dia a dia envolve muita interação com o consumidor final, técnicas de venda, conhecimento em tendências e estilo pessoal, e muito trabalho em equipe. Tudo isso para garantir a melhor experiência para quem compra.
Para falar um pouco mais sobre a profissão, conversamos com a Julyane de Lima, que é vendedora da Farm e desde criança é apaixonada por vendas. A moda está no DNA dela, já que sua avó já trabalhava no ramo. Com toda essa expertise, ela compartilhou dicas valiosas para quem quer seguir — e se destacar — na área. Vem ver:
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STL: Primeiro, conta um pouco sobre sua trajetória profissional? Como você começou na área?
J.L.: Minha avó tem um ateliê de beachwear e desde nova comecei a observar desde a produção até a entrega final para o cliente junto às minhas tias. Elas falavam “preciso sair, a cliente vem buscar, você entrega pra mim?” ou “a cliente vem escolher um biquíni, ajuda ela enquanto eu não chego” e eu já me sentia a própria vendedora.
Quando a cliente chegava, eu já sabia e conhecia todos os tecidos e biquínis disponíveis, porque eu passava o dia inteiro escolhendo biquínis para mim.
Depois passei por uma feira vendendo sapatos com uma amiga. Aí comecei no shopping entrando como extra Natal em uma loja infantil e também já fiquei no feminino adulto e sapatos. Acho que é importante essa variação para conhecer cada tipo de segmento.
Como é a rotina de uma vendedora de moda?
J.L.: O ponto de partida é observar as metas já batidas durante o mês e o que falta para completarmos, isso nos garante ter o controle da nossa cota diária e mensal. A partir daí, começamos a responder e mandar mensagens para clientes com as novidades e criamos conteúdo para despertar desejos com os produtos de lançamento.
Quais habilidades uma vendedora precisa desenvolver para se destacar?
J.L.:Ter empatia. Precisamos compreender cada tipo de cliente e é aqui que temos abertura para poder conversar com ele. Ter comunicação, escutar atenciosamente para que assim possa ser criado um elo e descobrirmos o motivo da compra dela. E não esquecer de conhecer todos os produtos que temos para vender! Isso é muito importante, para que não sejam passadas informações erradas. Hoje em dia a venda está muito ligada ao digital, precisamos ter habilidade com a tecnologia. E o último, mas não menos importante, é ter técnicas de storytelling, é por ele que vai ser despertado um desejo de compra do seu produto.
Como está o mercado de trabalho para essa profissão?
J.L.: O mercado é bem dinâmico e agora com o autoatendimento e a inteligência artificial, temos que buscar conhecimentos e adaptações constantes.
Como entender a necessidade e o estilo de cada cliente?
J.L.: Precisamos estar atentos às peças escolhidas nas araras e tentar levar ao cliente os estilos mais parecidos possíveis com aquilo. E também prestar atenção no que ele solicita, após uma breve anamnese.
Qual o segredo para vender bem e fidelizar um cliente?
J.L.: O segredo principal é realizar o pós-venda, ele é tão importante quanto a venda. É por ele que sabemos se deu tudo certo com a compra, seja ela para presente ou não. É nessa hora que mantemos ainda mais o cliente por perto e garantimos a fidelização, assim como garantir uma experiência agradável durante uma possível troca.
Quais os maiores desafios da profissão?
J.L.: Um dos maiores desafios é lidar com a diversidade de clientes, afinal cada um possui uma particularidade. Outro ponto é a pressão de atingir metas, além do estoque baixo. Este último é um desafio interessante, porque vejo como uma oportunidade de aprimorar habilidades e a criatividade para reverter a venda em outros produtos.
Como estar atento às tendências para aplicá-las no seu trabalho?
J.L.: Precisamos seguir conforme a moda vai evoluindo. Observando as tendências, começamos a replicar para trazermos novidades para os clientes. Alguns não são adeptos ao novo ou ao colorido, mas geralmente é falta de costume. Eu sempre tenho algumas fotos de referência de como vestir os produtos para despertar o interesse do cliente, às vezes até eu mesma vestida.
Qual conselho você daria para quem quer ser vendedora de moda?
J.L.: Eu costumo dizer que o varejo abre portas. Meu conselho é que você demonstre total interesse e vontade em querer ajudar o cliente e equipe, porque os dois podem ser um networking futuro. Seja curioso e pergunte tudo. Tem que ser comprometido com você mesmo, com a sua equipe e seus clientes. Transforme a proatividade em sua maior parceira de trabalho.
Que livro você recomenda para quem quer seguir essa profissão?
J.L.: Eu recomendaria que todos leiam “O poder do hábito”. A prática leva a recompensa e este livro ajuda muito até na aproximação com a equipe, que é muito importante.
Outro livro que vale a pena ler é “O jeito Disney de encantar os clientes”, uma leitura rápida e muito rica em detalhes sobre a experiência de atendimento.
Se você quer ser uma vendedora de moda, além de estar antenada em tendências, pode fazer cursos livres sobre venda, marketing e varejo. Algumas instituições que oferecem essas aulas são o Sebrae, que tem cursos gratuitos, a EnModa e a EBAC.
Esse é mais um dos nossos conteúdos sobre carreira de moda. Quinzenalmente estamos por aqui com algum profissional da área dando dicas, compartilhando experiências e mostrando seu ponto de vista da indústria.
